Dance conforme a música

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- Não vejo a hora de finalmente poder voltar lá.

- Logo, logo. Não podemos interferir demais.

- Não sou uma de vocês.

- Originalmente, não, mas agora você é parte de nossa missão. E é por isso que não interferimos. Interferências causam problemas e problemas meu povo já tem demais.

- Olha. Eles estão vindo.

- Lembre-se: não interfira, apenas observe.

Ela concordou à contragosto.

- E se nos descobrirem? Você mesmo disse que não é impossível, que já aconteceu antes.

- Ai a gente dança conforme a música. – Ele piscou de um jeito brincalhão.

~o~

- Assim que eu melhorar mais vou te ajudar com meus feitiços de cura o quanto puder. Embora eu não seja muito boa em controlar isso, sei que posso pelo menos ajudar um pouquinho. – Rania tirou o canudo e limpou a boca de Dreyfus.

Você não devia cuidar de mim. Eu sou homem. Eu que tenho que cuidar de você! Drey queria berrar, se sentia grato e, ao mesmo tempo, humilhado, inútil.

- Não me olhe assim. Eu sei que você queria estar completamente curado, fazendo suas atividades normais, se cuidando... Mas você vai fazer tudo isso, Drey. Eu sei que vai. Você é um chato perseverante e eu estou aqui pra ajudar. – Rania bocejou, seu próprio cansaço começando a dominá-la de novo. Se ela com a estafa mágica já estava frustrada por ter que ficar na cama boa parte do dia, ela imaginava como a mente do namorado estava. Namorado... Só mais dois meses e o prazo de um ano que ela exigira pro término encerraria. Quanto mais ela pensava nisso, mais tinha certeza que não conseguiria terminar com ele, não nesse estado. Seria muito cruel...

- Rani. – Devon tocou no ombro dela.

Rania abriu os olhos assustada e percebeu que tinha deitado na maca ao lado de Dreyfus e adormecido. – Eu...Eu dormi? Mas...eu só pisquei... Desculpe, senhor Devon.

- Calma, querida. É assim mesmo. – Devon colocou firmou a mão em seu ombro, mantendo-a no lugar. – O esgotamento faz essas coisas mesmo. Eu vi você dormindo e não quis te acordar... Vocês dois estavam tão em paz...

- Espera. A quanto tempo estou dormindo? – Ela perguntou, percebendo que a luz natural estava mais fraca.

- Quase oito horas. – Devon respondeu e lhe entregou um prato de sopa. – Tome. Você precisa comer.

- Drey também precisa... – Ela virou e viu que ele estava adormecido.

- Ele comeu a umas duas horas, Rani. Pareceu feliz por ver que você estava dormindo tão tranquilamente aqui. Se eu a acordasse acho que ele teria me esmurrado só com os olhos. – Devon deu aquele sorriso brilhante, galanteador como o de Dreyfus.

Rania comeu devagar, o simples movimento de levantar a colher ainda era cansativo. Quando ela terminou, nem percebeu que tinha adormecido. Devon chamou Line pra ficar de olho em Dreyfus, pegou Rania no colo e a levou para seu quarto.

- Hã...?

- Durma, Rani.

- Tio Devon...

- Sim?

- Já acharam quem fez isso...

Era a primeira vez que Rania tocava no assunto, não tendo coragem de perguntar quem havia atacado a escola ou o porquê. Era muito difícil acreditar que alguém tinha causado tudo aquilo de propósito, ferindo e matando tanta gente...

Likastía IIOnde histórias criam vida. Descubra agora