Despedidas

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O resto do dia, a madrugada e a manhã seguinte foram...deprimentes. Cerca de 980 felinos morreram na explosão ou em decorrência dos ferimentos. Mais de 130 feridos e 69 deles estavam em estado grave, dentre eles, Lordok e Dreyfus. O rei leonino tinha perdido muito sangue, inúmeras fraturas expostas e objetos cortantes em seu rosto, além de uma perfuração nas costas, quase atravessando até a frente do corpo. Um golpe de espada dado em suas costas, na base da coluna. Alguém o atacara covardemente antes da explosão, o que acendeu ainda mais o alerta. Os guardas do rei foram encontrados horas depois da explosão. Mortos. Todos envenenados e nus. Dreyfus tinha inúmeros arranhões e hematomas, mas nenhuma perfuração. O problema maior no quadro dele eram as hemorragias internas, causadas pelo baque de seu corpo contra a parede, pressionado pelo de Rania, e o peso do concreto sobre ele. Vários órgãos internos haviam sido danificados e a hemorragia piorou com o gasto de sua magia enquanto tentava proteger a namorada. Os magos estavam operando os dois leoninos, mas cada vez que suturavam um órgão ou fratura, encontravam outra pior em outra parte do corpo. A cirurgia dos dois levou a tarde, a noite e a madrugada toda, quatro grupos de magos se revezando durante o processo esgotante. Mesmo assim, quando os primeiros raios solares surgiram no horizonte e a cirurgia finalmente terminou, nenhum deles dava mais do que algumas horas de vida para avô e neto.

Rania estava em estado de choque e precisou ser sedada, mas, além de um braço quebrado e alguns arranhões, ela não tinha sofrido quase nada. Rodan e Carya deram ordens para intensificar o cerco contra Bafo que eles tinham certeza que estava por perto. Devon enviou uma mensagem mágica para Rádara e ficou furioso com a reação dela. Ela lamentava com palavras, mas havia um sorriso na voz, um brilho de felicidade nada disfarçado em seus olhos. Ele teve certeza de que ela estava por trás daquilo e só não correu para casa e apertou o pescoço dela até quebrar porque ele não queria sair de perto de seu filho e do rei que o acolhera como um filho em sua família nobre.

- Pegamos dois membros da maldita Coligação. – Rodan informou, sentando ao lado de Devon com um braço ao redor de seus ombros.

- Vou interroga-los mais tarde. Agora não vamos sair do seu lado. – Carya disse, se sentando do outro lado.

- Não precisa, Carya, pai... – Devon disse, os ombros curvados, a cabeça baixa, a voz quase num sussurro. – Vocês são governantes... Entendo que...

- Cala a boca, garoto. – Rodan disse sério. – Você é meu filho e não vou deixar você aqui sozinho neste momento difícil.

- Já fizemos o máximo que podíamos e delegamos tarefas para que todos sejam atendidos e a investigação não pare. – Carya disse no mesmo tom sério do marido. – Não vamos deixar você aqui sozinho. Além disso, Rodan foi responsável por Lordok a vida quase toda, o velho é meu padrinho e Dreyfus meu afilhado e genro. Nem fudendo saio daqui.

- Amor... – Rodan chamou atenção da esposa.

- Ai, Rorô! Me polpe! Quem nesta porra não sabe o que é fuder? – Carya respondeu e Devon esboçou um sorriso cansado.

- Pai, ne....? – Devon disse com um brilho nos olhos. – Vou me lembrar disso, Rorô.

- Nem pense em falar isso de novo.

- O que, amor? – Carya perguntou, aliviando um pouco a tensão. – Te chamar de Rorô ou papai?

Rodan deu a ela um olhar de "não me provoca" ao notar o duplo sentido que sempre tinha a palavra "papai" quando ela pronunciava.

- E Rani? – Devon perguntou, suas esperanças sumindo, já imaginando como contaria pra menina que o filho dele morrera tentando protegê-la. Rania era muito sensível e emotiva...

Likastía IIOnde histórias criam vida. Descubra agora