A porta

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Amara entrou na sala em pânico ao lado de Seth. A única sala que eles tinham o máximo de certeza que podiam ter de que nenhum espião entrara e não havia as aranhas espiãs.

- Amara? Sente-se antes que você desmaie. – Carya falou, preocupada com o tremor notório da menina.

- Não. Estou bem. – Ela disse, distraída com o próprio medo.

- Amara, por favor. Sente-se. – Seth disse com uma mão no ombro dela.

Ela se sentou em uma das cadeiras ao redor da mesinha e Devon lhe serviu uma xícara de chá. Carya e Rodan estavam na cadeira à sua frente, Devon e Seth de cada lado dela e Kursk em uma cadeira entre Rodan e Devon. Sempre se mantendo sutilmente afastado de Seth, seguindo as instruções de Leviatã.

- Então, qual é o problema? Porque essa presa? – Carya perguntou, olhando entre Amara e Seth.

- Eu verifiquei a criança. Ela tem um poder considerável de magia necrófila. – Seth disse.

- Certo. E qual é o problema? – Carya insistiu. – Obviamente, a criança parece ter herdado o mesmo tipo de poder do Leviatã. Normal, afinal é um ancestral de sangue ne.

- Sim, mas o poder dela n vem só da ligação com Leviatã. – Seth disse. – O poder envolve magia da morte e magia dos sonhos. Uma combinação assim é muito rara. É uma anomalia, não regra.

- Seth, por gentileza, nenhum de nós aqui é especialista em genética mágica, seja mais específico. – Rodan pediu, não sabendo que não era totalmente verdade. Leviatã já tinha falado sobre a criança e a anomalia dela pra Kursk no dia anterior.

- Certo. – Seth tomou um gole do próprio chá e continuou. – Magia necrófila e magia onírica não se misturam. É preciso ter um ancestral diretamente próximo, no caso o pai ou a mãe, de uma das magias e outro ancestral extremamente poderoso na outra magia. Sabemos que Leviatã tinha essa anomalia e era extremamente poderoso em magia de mortes e maldições, mas a onírica teria que ter vindo do pai ou da mãe. Rodan sei que não tem nenhum ancestral que tenha magia onírica porque os registros genéticos dele são muito bem documentados, como da maioria dos felinos. Amara também não. Vó nos confirmou isso do lado paterno e sabemos disso pelo materno.

- Então, se algum membro da Coligação descobrir isso... – Devon entendeu, já entrando no mesmo pânico que Amara.

- Saberão que minha filha não é do Rodan e vão matá-la! – Amara sentiu as lágrimas brotando em seus olhos. Devon apertou sua mão, tentando acalmar à ela e ele mesmo.

- Devon, é quase certo, então, que a magia onírica nesse caso vem da sua família. – Seth disse, silenciosamente se referindo também ao dom repentino de Dreyfus.

- Pode ser, mas não tenho como saber. Meus pais morreram quando eu era muito jovem, naquele maldito ataque à fazenda. – Devon disse.

- Sim, e nunca encontrei nenhum parente do Devon. Por isso o peguei para criar. – Rodan disse, coçando a barba.

- Não existe nenhum teste pra comprovar isso? – Kursk perguntou, já sabendo a resposta, só para fingir que não entendia do assunto.

- Sim, mas se fizermos isso corremos o risco de que os espiões peguem esses resultados e descubram toda a farsa. – Seth disse, cansado.

- Poderíamos falsificar os registros genéticos de Rodan, mas, como ele é um leonino, esses documentos originais ficam arquivados na capital leonina. – Carya disse, a mente já em busca de soluções.

- Sem contar que é crime. – Seth disse.

- Só se formos descobertos, irmãozinho. – Carya comentou distraidamente, já focada em solucionar o problema. – Posso fazer uma visitinha pra Rádara e dar essa missão a uma das minhas guardas pessoais...

Likastía IIOnde histórias criam vida. Descubra agora