Likastía II

Descobrindo o fogo

As buscas em Jubay, capital leonina, pela rainha Rádara não deu resultado nenhum. Até mesmo em seu novo palácio, construído de forma tão escravagista, ela foi procurada. Ninguém sabia onde a rainha tinha se enfiado. Mas ela não era a única rainha desaparecida. Carya não estava em lugar nenhum e, quanto mais o tempo passava, mais Rodan tinha certeza de que Rádara estava com ela. Ele só não sabia como ela tinha sido levada e nem para onde.

Pequeno Kursk, pense rapaz... Eles procuraram a mestiça lençar, mas não procuraram em tudo. Levi sussurrou e Seth sentiu um arrepio na nuca.

Claro que procuraram, Levi! Esse imbecil do Dreyfus quer ela morta mais do que eu. Kursk respondeu mentalmente.

Não, meu rapaz. Eles não procuraram em todos os lugares. Levi disse e notou a percepção de Seth, o que só lhe deu uma vontade enorme de matar o felino pálido.

Levi, eles olharam em cada canto do palácio real, cada beco e ruela da cidade, o palácio novo e... Kursk parou, a compreensão o atingindo como um soco. Levi, você é um gênio!

Descobriu o fogo, pequeno Kursk. Levi zombou, bem humorado.

~o~

Devon abriu os olhos inchados e doloridos, sentindo um gosto amargo de ferrugem na boca. Havia uma mordaça com uma bola de ferro em sua boca e correntes o prendendo à uma cadeira que não tinha assento e era repleta de pontas de pregos para fora, ferindo sua pele. Ele notou que estava em um tipo de porão com uma fornalha enorme à sua esquerda, como as usadas para queimar lixo nos grandes palácios ou pelos ferreiros em suas oficinas. Seu pescoço doía e ele podia sentir um fio de sangue escorrendo por suas costas a partir do topo de sua cabeça. Algo o atingira enquanto ele estava indo buscar ajuda dos servos para Rania e Line cuidarem do parto de Amara.

Sua visão turva buscou ao redor para ver se encontrava a namorada, rezando para que ela não estivesse ali, que estivesse segura no palácio Tiger.

- Olha quem acordou. – A voz familiar fez Devon se arrepiar.

Não. Isso é impossível... Devon pensou.

O Tiger empurrou uma maca com Amara completamente suja de sangue da cabeça aos pés e aparentemente desmaiada. A maca parou horizontalmente em frente à Devon e o Tiger caminhou até ele com um sorriso bem familiar, se abaixando pra ficar cara a cara com o prisioneiro.

- Olá, espiãozinho de quinta. – Zedd disse sorrindo, tirando a mordaça de Devon. – Sabe. Nunca te considerei realmente uma ameaça. Só um plebeu irritante, sempre ao lado daquele velho leonino chato, me atrapalhando. Mas se envolver com a minha Amara? Sério? E pior. Engravidar a rameirazinha que eu iniciei na arte da sedução. Amara sabia que só tinha permissão para gerar um filho que atrapalhasse aquele casal nojento que pensa que governa Tiger ou um filho meu.

- Como você...

- O que? Você achou mesmo que eu tinha sido derrotado? Devon, você é o espião mais burro que já conheci. Mas não me surpreende, afinal você provou sua burrice quando casou com aquela estúpida da Rádara.

- Espera... Você é o tão temido Zedd!

- Descobriu o fogo. – Zedd ironizou. – Agora, vamos ver. Quem eu mato primeiro? Você ou essa criança bastarda da minha garotinha...?

- NÃO OUSE TOCAR NA MINHA FILHA!

- Olha só. Então é uma menina? Quem sabe eu possa manter a criança viva e matar a mãe, não é mesmo? Afinal, se essa bastardinha nascer com os talentos mágicos da mãe, posso educar ela desde pequena para meus planos.