Planos bafônicos

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- Você sabe que não posso tirar você daqui. – Daro disse tranquilamente. – Isso colocaria meu disfarce e toda a missão em risco.

- Você colocou a missão em risco quando armou pro seu superior, seu merdinha! – Bafo queria atacar Daro, mas as correntes que prendiam seus braços e pernas à parede o contiveram a centímetros do Tiger mais jovem.

- Bafo, você acha mesmo que um leal tenente, um de seus aliados mais próximos, armaria pra você? – Daro perguntou inocentemente, mas o ar de cinismo não passou despercebido.

- Você é um traidor imundo! Alguém ajudou você. Quem foi? Aquela bruxa de nojenta que você anda pegando? Ou você ameaçou a traidora da Amara pra ela fazer o que você mandasse? Se bem que duvido que ela tenha mais medo de você do que de mim.

- Você está ficando paranoico, comandante.

- Seu bastardo! Acho melhor você me tirar daqui, Daro, ou posso começar a contar pra usurpadora imunda quem é o amiguinho dela de verdade. Vou adorar ver ela queimar cada centímetro dessa sua cara de imbecil!

- Você não vai contar nada, Bafinho. Se você colocar a missão em risco me dedurando pra piranha da rainha nós dois sabemos o que te acontece. – Daro disse e o medo nos olhos de Bafo eram um bálsamo em seu ego.

- Ele vai entender. – Bafo disse inseguro.

- Vai? Desde quando ele é compreensivo?

- Ele vai quando eu contar que você nos traiu! Se a rainha não te matar, ele mata!

Daro tirou um saquinho com um comprimido vermelho que parecia um doce e Bafo arregalou os olhos. – Acho que ele já escolheu ao lado de quem vai ficar, Bafo. Você sabe o que fazer. A grande questão aqui é se você vai obedecer, nos trair e enfrentar você-sabe-quem.

- Eu... Não.... Não é dele...

- Você sabe que é. Vê a assinatura mágica aqui dentro? Você conhece isso melhor do que qualquer um. Sabe que só ele pode fazer isso. – Daro aproximou o comprimido do campo de visão de Bafo. - Vamos, Bafo. Não é você mesmo que sempre nos ensinou que a Coligação vem acima de tudo? Onde está sua coragem agora, companheiro?

Bafo tremia tanto que Daro não pôde conter o sorriso. Vendo a diversão nos olhos do outro Tiger, Bafo abriu a boca. Daro jogou o comprimido dentro e o outro Tiger empurrou o doce pra um buraco entre dois dentes, onde ele havia perdido um molar a anos em uma briga de bar. Contendo o medo e a vontade de cuspir aquilo, Bafo encarou Daro com orgulho.

- Diga à ele que a Coligação deve vencer, não importa quem precise pagar pra isso. Quanto à você... Você ainda vai lamentar muito por isso, bastardo ingrato.

- Claro, claro. Agora preciso ir. Tenho uma ceninha dramática pra fazer pra gostosa da rainha usurpadora. – Daro virou as costas e parou. – Algum desejo?

- Dois. – Bafo disse. – Primeiro, quero que a velha do orfanato continue recebendo a grana e sendo nossa fornecedora. Ela é uma boa aliada e uma boa amiga.

- Cuidarei disso. E o segundo?

- Que você morra lenta e dolorosamente. – Bafo disse como uma praga e Daro saiu gargalhando.

~o~

- Então, essa tal de Coligação coloca espiões em todos os setores, você inclusive. Você foi obrigada a colocar essas aranhas espiãs pelo Palácio todo à mando de uma nobre que você não pode revelar o nome por medo. Seus pais eram membros da Coligação que a venderam pro líder dela que, generosamente, a deixou viver com seus pais por serem leais à causa, e, em troca, você deveria treinar para essa missão que prefiro nem comentar agora ou vou matar alguém aqui. Ah, e, pra deixar tudo ainda mais sacana, você é filha de Rait, ou seja, neta de Vó. Como você não só pulou fora da missão e salvou Kursk matando aquele ingrato do seu pai, a Coligação torturou e matou aquela falsa da sua mãe. Desculpe, Amara, mas nunca gostei dela e agora gosto menos ainda. A única coisa dela que sobrou foi a cabeça que você deu fim. Isso é tudo? – Carya perguntou, arqueando uma sobrancelha.

Likastía IIOnde histórias criam vida. Descubra agora