Missões

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Teira tocou a pequena pedra encravada na junção entre seu dedo indicador e o anelar. Dentro da pequenina pedra branca uma sombra alaranjada se moveu como uma serpente presa em um lago branco e cristalino. Seus olhos estavam cravados na porta, esperando. Cronos entrou e fechou a pesada porta atrás dele.

- E?

- 'E' nada. Eles tomaram algum tipo de veneno, uma pílula escondida num buraco onde antes havia um dente, e morreram antes que pudéssemos dar socorro ou interrogar. – Cronos se sentou na cadeira acolchoada com uma pequena mesinha do lado.

Teira pegou um copo com um caldo grosso na mesa mais distante, entregou à ele e se sentou na cadeira igual na frente. – Devíamos ter previsto isso.

Cronos tomou dois goles do caldo quente, de olhos fechados, saboreando e relaxando. – Hmmm. Obrigado. – Ele deu mais um gole generoso. – Sim, devíamos. Mas nem mesmo nós do Sigilo podemos prever tudo, Teira. Também não acho que eles soubessem de muita coisa. Duvido que Leviatã tenha se mostrado como realmente é para eles. Acho que nem Kursk sabe de nada.

- É possível. Um garoto tão doce, tão responsável... É uma pena ver o quão baixo ele desceu.

- Você não pode ficar se lamentando sempre. – Cronos a olhou repentinamente sério.

- Sim. Eu sei. Não se preocupe, Cronos. Sei o que é preciso e o que está em jogo. Só que ainda é difícil. – Teira respondeu.

- Imagino. Eu cresci aqui, então não tenho laços lá fora. Nenhum de nós aqui tem, pra ser honesto. Mas imagino o quão difícil é pra você que tinha tantas relações lá fora.

- Tenho. – Teira corrigiu. – Nunca deixei e nunca deixarei de ter ligação com todos lá fora. É isso que me faz lutar.

Cronos ia responder, mas se levantou em alerta. – Ouviu isso?

- Ouvi. – Teira se levantou também, os pelos eriçados.

Um felino semelhante à um Tiger, mas com listras pretas e azuis bem claras, bateu na porta e entrou antes de ouvir a permissão.

- Se..senhora...Teira. – O rapaz, aparentemente bem jovem, apoiou as mãos nos joelhos, ofegante.

- Respire e fale. – Cronos disse friamente.

- Está começando...Estão...aqui... – O rapaz disse olhando assombrado pra Teira.

- Cronos...será? – Teira olhou para ele, tentando lembrar de tudo que aprendera ali.

- Parece que é hora da verdade, Teira. – Cronos disse, dando-lhe um olhar de apoio.

~o~

- Então eu tenho uma sobrinha? – Rania murmurou, evitando olhar para qualquer um de cabeça erguida. – Uau.

- Kursk não sabe... – Rodan comentou.

- Será? – Dreyfus respondeu. – Depois de tudo que ele aprontou, só o que nós sabemos, não sei mais se ele não faria algo tão nojento quanto abandonar sua cria.

Dreyfus disse, meio que esperando que Rania defendesse Kursk como fazia antes. Mas ela não abriu a boca. Era a primeira vez que mencionavam Kursk perto dela e todos estavam um pouco tensos com a possível reação da moça.

- Não acho que ele saiba. – Seth disse, sentado, com ambas as mãos apoiadas em seu cajado à sua frente.

- Isso é porque você sempre prefere ver o bem em todos, irmãozinho. – Carya disse. – Mas acho duvidoso que ele saiba mesmo. Kursk sempre sonhou em ser um bom pai, não creio que isso tenha mudado. Mas concordo com Dreyfus. Se tem uma coisa que toda essa porcaria me ensinou é que devemos sempre esperar qualquer coisa de Kursk.

Likastía IIOnde histórias criam vida. Descubra agora