Família - parte III

4 2 0
                                    


– EU NÃO ESTOU BRINCANDO, LEONINO DE MERDA! EU VOU MATAR A PIRRALHA! – Daro berrou.

Rodan não dava a mínima, mas sabia que Carya ficaria fula com ele se a menina fosse morta daquele jeito. Só por isso, ele parou de andar.

- E eu com isso? – Rodan disse entredentes. – Por mim, você e essa víbora em miniatura com essa cabeçona desproporcional morreriam antes da terem tempo pra piscar.

- Rodan! – Carya se aproximou cautelosamente, mantendo o olhar firme em Daro e as mãos à mostra. – Eu não vou permitir que um criança de 5 ou 6 anos seja executada cruelmente em minha casa.

Os guardas tinham se multiplicado do lado de fora, alguns indo para portas e janelas enormes que davam para a varanda, todos com armas apontadas para Daro. Haviam arcos com flechas armadas, magos com seus cajados brilhando com a energia pronta para atacar, espadas em posição, adagas prontas para serem lançadas, todos cercando Daro. Ele não sairia vivo dali, a menos que Carya ordenasse e, provavelmente, ele seria perseguido momentos depois. A tensão no ar era quase insuportável. Callie tinha parado de se debater e o terror em seus olhos se misturava com as lágrimas silenciosas que, em vão, ela tentava não derramar. Carya tentava não se abalar, embora seu coração estivesse apertado, e olhava diretamente para a menina que lhe dera presentes tão inocentes nos últimos dias, tentando acalmar a criança.

- Não se preocupe. – Carya disse olhando pra menina em um tom calmo e gentil. – Eu não vou deixar ele te machucar mais. Só fique quietinha e deixa eu conversar com ele, ta bom?

Callie não ousou se mexer, temendo se machucar de novo, mas olhou pra Carya com visível surpresa.

Seja lá o que tenha acontecido, alguém mentiu deliberadamente sobre mim pra essa menina. Carya pensou. Geralmente, Rodan também tinha essa inteligência estratégica, quase intuitiva, mas agora ele estava tão dominado pela raiva que a mente dele só queria ver sangue.

- Não vejo porque salvar essa coisa, essa pretensa assassina que só não conseguiu te matar durante o sono porque, graças à Kallisti, eu despertei e agi a tempo. – Rodan disse com o olhar de puro ódio para a menina.

- Rodan, quieto! – Carya disse e continuou em voz mais baixa. - Você não é assim. Está com raiva e eu entendo. Mas se ela morrer em sua mão ou sob sua responsabilidade, você vai se arrepender pelo resto da vida.

- Ei! Não ligo pro que vocês pensam dessa pirralha! Me deixem sair daqui e ninguém se machuca. – Daro disse.

- E como sei que você não vai matá-la assim que sair daqui? Deixe-a e lhe dou minha palavra que não o perseguirei pelos próximos quatro dias. – Carya respondeu.

- Não! Eu não vou deixar ela! Essa coisa irritante é minha garantia de vida. – Daro respondeu.

- Daro, se ela morrer aqui eu mato você segundos depois. – Carya disse. – Mas, se ela ficar você sairá livre.

- HAHAHA! – Daro pareceu um maluco histérico. – Livre? Se eu sair daqui sem ela eu estarei morto antes do fim desta noite!

- O papi vai fazer dodói em você porque você fez dodói na Callie! – Callie disse.

- E quem é seu 'papi', víborazinha cabeçuda? – Rodan perguntou com uma fúria tão grande que começava a espumar pela boca.

- Cale a boca, imbecil magricela! – Daro disse e deu um beliscão na cintura dela com a mão que a circundava.

- Ei! – Carya chamou atenção. – Não machuque ela ou acabo com você!

Callie soluçou com as lágrimas, mas não deu nenhum grito ou gemido.

Likastía IIOnde histórias criam vida. Descubra agora