- Amaga? – Kursk soluçou finalmente percebendo a moça que a 10 minutos o apoiava, com o braço dele ao redor dos ombros dela, tentando levá-lo.
- Sim, alteza. Pela quarta vez, sou eu, não a princesa. – Amara disse com toda paciência que conseguiu reunir. O orvalho da manhã e o belo nascer do sol deviam tornar aquela parte da cidade uma visão do paraíso. E era, realmente. A área onde o Palácio Tiger ficava era de uma beleza estonteante. Mas, só de saber que, em poucas horas, teria que esbarrar com Daro de novo depois de mais uma das muitas investidas dele, a fazia ver o lugar como a porta para um dos 13 Infernos.
Eles passaram pelos portões, os guardas com olhares surpresos pelo estado de bebedeira incomum do príncipe, mas não disseram nada. Amara o guiou pela entrada principal do palácio com dificuldade porque o príncipe era alto, forte e estava praticamente todo apoiado nela.
- Err... – Amara ficou momentaneamente sem reação com a dupla que os aguardava assim que passaram pelas portas do palácio.
- Bom dia, querida. – Carya disse para a menina, mas seu olhar fulminante estava sobre o rapaz.
Kursk estava em um estado deplorável. Completamente bêbado, fedendo à suor azedo, com restos de vômito na própria roupa, a camisa metade pra fora da calça, a gravata borboleta havia desaparecido, a cartola devia ter ido pro mesmo rumo já que não era vista em lugar nenhum, um de seus sapatos também não estava presente, seu terno estava todo sujo de lama e sangue em uma das mãos de Amara e a coitada parecia que ia desmaiar pelo esforço. Rodan pegou o braço do filho dos ombros da menina e Carya a dispensou gentilmente, ordenando que ela fosse dormir e, assim que acordasse, fosse procura-la. Cansada física e emocionalmente, ela nem discutiu. Fez uma reverência com dificuldade, seu corpo todo dolorido, e seguiu para seu quarto, só lá percebendo que ainda estava com o terno do príncipe nas mãos. Jogou num canto, tomou um banho rápido, vestiu um vestido confortável e deitou, dormindo quase imediatamente.
Rodan colocou o filho sentado na poltrona sem nenhum cuidado, a raiva contida emanava em cada pêlo escuro de seu corpo.
- Que inferno deu em você, Kursk? – Carya gritou propositalmente, sabendo que aquilo daria uma dor de cabeça do inferno no rapaz. – Quase não te reconheço mais!
- Eiu con...cone...isso ai também! – Kursk disse enxergando oito Caryas e uns 10 Rodans, apontando pra um ponto em que ele achava que um deles estava, mas era uns 2 metros distante de qualquer um dos pais.
- Isso nem faz sentido, seu bêbado idiota! – Carya rosnou. – E...Isso na sua camisa é sangue? Seus punhos... Oh Poderosa Kallisti, dai-me paciência pra não matar esse garoto.
- Você andou brigando? – Rodan perguntou, braços cruzados sobre o peito, olhar afiado de raiva, sua carranca se aprofundando mais ainda.
- Birgar? EU? Eu defendi a mim do...do...de....alguém. – Kursk disse tentando se lembrar com quem ou porque brigara. Só lembrava que bateu e apanhou muito também de alguém em uma das tavernas que fora.
- E desde quando você bebe feito um mendingo e briga feito um animal selvagem? – Carya rosnou. – Onde está meu pequeno e gentil lorde, o garoto que sempre foi sábio, maduro....?
- Sábio, madugo... – Kursk fez uma imitação ridícula. Carya e Rodan nem tiveram presença de espírito pra reclamar disso, tamanha foi a surpresa. Rania tinha esse costume ridículo de imitar as pessoas quando estava chateada, mas Kursk nunca fizera isso. Muito menos com seus pais. – Qué saber? CANSEI DE SER ABIL..SABIU...ISSO! – Ele disse tentando se levantar irritado, mas a tontura e suas pernas moles o fizeram cair sentado de volta na poltrona. – Eu ganhei o que com isso? NADA! Ah não...clararo....eu ganhei uma facada na costa!
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Likastía II
FantasiaFelinos são seres tão majestosos, tão lindos e meigos... Alguns são mais selvagens e indomáveis, é bem verdade, mas é impossível ficar indiferente ao magnetismo dos felinos. Em Likastía é mais impossível ainda considerando que é um planeta completam...