Brilhantes lições

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- O senhor parece triste... De novo. – Amara murmurou, entregando a taça.

- Pareço? – Devon disse sorrindo amplamente com seu habitual ar galante.

Amara ergueu uma sobrancelha, não caindo no truque. Devon suspirou e tomou um gole da bebiba, observando distraidamente os nobres indo e vindo na comemoração.

- Você sempre percebe.

- Não é tão difícil, senhor.

- Quase ninguém, nem mesmo meus amigos, percebem sempre, Amara. Como você nota?

- Simples. Seu sorriso não faz seus olhos brilharem de felicidade. É assim que noto. Se tem algo que conheço bem é a capacidade de fingir felicidade, senhor.

Devon olhou pra ela meio admirado e meio preocupado. – Comigo você não precisa fingir, Amara. Já te disse isso.

- O que o incomoda? – Ela perguntou.

- Céus! Você não larga mesmo o osso heim. – Devon riu. Era difícil ludibriar ela. – Você sabe... O de sempre.

- Entendo...

- Tanta gente, tantos amigos, familiares, conhecidos, aliados... – Devon comentou olhando o movimento na festa – E ainda sim, é como se eu sempre estivesse...

- Sozinho. – Amara completou entendendo perfeitamente o sentimento.

- Exatamente. Embora nossas conversas sempre me ajudem, minha jovem. – Devon disse e ela pigarreou.

- Alteza. – Amara cumprimentou, fez uma reverência e saiu.

- Tio. – Kursk olhou a amiga ir embora. – Vamos começar a cerimônia de inauguração em alguns minutos.

- Você está bebendo demais, rapaz. – Devon disse calmamente.

- Hoje eu preciso... Ou vou matar seu filho naquele palco, na frente de todos antes da hora. Kursk tomou mais um gole de sua bebida, um vinho produzido por Rodan em seus momentos de distração, quase não conseguindo evitar o olhar irritado pro ex amigo.

- O que está acontecendo entre vocês? – Devon perguntou sem rodeios.

- Nada. – Kursk disse e saiu antes que Devon dissesse qualquer coisa.

Line, Dreyfus, Rania e Kursk estavam reunidos atrás do palco com Circe e Rodan se preparando pra falar perante todo aquele público na inauguração da primeira escola de dança para plebeus de Likastía. Seth e Rádara não poderiam comparecer porque estavam cuidando de alguns bandidos presos rondando as estradas próximas do reino leonino tentando mapaear e invadir algumas instalações militares. Lordok já estava no palácio Tiger a algumas horas quando a informação chegara, mas Rádara lhe garantiu que sua presença não era necessária, que ela e Seth estavam cuidando do interrogatório. O rei leonino não queria insinuar que não acreditava no trabalho da filha, agora sempre tão pronta pra discutir com ele, então ficou para prestigiar a inauguração do trabalho que seu neto ajudara a realizar.

Circe olhou pra Line e ambas pareceram estar em alerta. - O que é...

BOOOOOOOOOOOOOOOOOOM!

Tudo ficou branco, momentaneamente cegando à todos.

- RANIA! MÃE! PAI! TIO DEVON! – Kursk berrava de dentro de sua esfera amarelada, densa, que se formara automaticamente ao redor dele o protegendo. – RAAAAAANIAAAAAAAAAA!!!

Ao redor tudo era só poeira, gritos, choro e um odor terrível de carne queimada e sangue. Kursk mal conseguia enxergar os cadáveres meio soterrados a alguns passos.

Likastía IIOnde histórias criam vida. Descubra agora