Os segredos de Kursk

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- Kursk, vamos. – Rania chamou cruzando os braços e dando um olhar fulminante pro amigo do irmão.

- Estamos conversando, garota mal educada. – Dreyfus disse já irritado por mais uma interrupção, como sempre.

- Não falei com você, babaca. – Rania disse trincando os dentes. – Kursk. Vamos.

- Não comecem... – Kursk disse com uma mão na testa, uma dor chata o incomodando.

- É, garotinha irritante. Vá brincar com suas bonecas e deixem os homens conversarem em paz. – Dreyfus disse com um tom ácido.

- Eu sou mais velha do que você e não brinco de bonecas desde os meus 5 anos, seu imbecil narcisista! – Rania deixou os braços caírem ao lado do corpo, os punhos cerrados de raiva, dando um passo em direção à Dreyfus.

Dreyfus se levantou, colocando seu copo na mesa ao lado com um baque. – Não sou narcisista, menina idiota, só tenho consciência de quem sou e minha importância. Não fico por aí manchando minha nobreza com companhias sujas!

- E lá vamos nós de novo... – Kursk murmurou, apertando a mão na testa.

Rania entendeu as palavras que Dreyfus não precisava dizer. Ele se referia à sua amizade com Line, uma jovem de origem humilde que ela amava tanto quanto Kursk. Rania enxergou vermelho, a raiva tomando conta de seu pequeno corpo feminino. Sem pensar, ela chegou perto de Dreyfus e ergueu a mão, pronta pra dar um tapa estrondoso na cara dele. Atento, Dreyfus viu o movimento e segurou o pulso dela, centímetros antes de acertar seu rosto.

- Não de novo, princesa. – Dreyfus disse baixo, perigoso, com um olhar furioso travado no da menina. – Se tentar me dar um tapa de novo eu vou...

- Vai o que, seu ser vivo desperdiçador de oxigênio? – Rania fervia de raiva, mal sentindo a força com a qual Dreyfus apertava seu pulso. – Vai me bater?

- Eu não bato em mulher, idiota! Embora você esteja precisando de uns bons tapas que seus pais não te deram! – Dreyfus sentiu o tremor de raiva da mulher à sua frente.

- Já chega! – Kursk se levantou, controlando o tom de voz, mas intimamente querendo bater nos dois até que aprendessem a se comportar como adultos. Sua cabeça latejava e isso estava dificultando um pouco seu raciocínio. – Drey, largue minha irmã. Agora!

Dreyfus soltou bruscamente o braço de Rania que quase caiu com o movimento e agora alisava o pulso dolorido. Dreyfus tentava acalmar a tempestade formada dentro dele, embora tivesse um efeito um pouco diferente da tempestade furiosa habitual que a moça causava nele pelo simples fato de respirar ao seu lado.

- Ele que come... – Rania começou a dizer com sua voz manhosa, fazendo Dreyfus tremer visivelmente de raiva.

- Chega, Rani! – Kursk disse, mais bruto do que pretendia. – Vocês dois precisam crescer! – Ele colocou uma mão na cabeça, apertando a testa com a dor, sentindo o suor frio escorrer por sua coluna.

Rania e Dreyfus notaram quando Kursk bambeou e correram pra apoiá-lo, cada um por um braço.

- Maninho.... – Rania chamou com a voz embargando, visivelmente assustada.

- Ei, irmão. – Dreyfus tentou chamar a atenção de Kursk que tinha os olhos vítreos, gelado e suando tanto que seus pêlos estavam grudados à pele. – Kursk, parceiro, fala com a gente.

- Eu... Eu vou chamar ajuda. – Rania disse e recebeu um olhar de aprovação e surpresa de Dreyfus. Ela correu feito doida e quase derrubou a dupla de guardas que faziam a ronda, trombando neles.

Likastía IIOnde histórias criam vida. Descubra agora