O dia do baile chegou. Como sempre, a festa era dividida em duas partes, o baile propriamente dito e a festa na praça principal com um banquete, sorteios, jogos e muita música para a população. Pela primeira vez, o baile contaria com a presença dos feridos e dos familiares dos mortos nos atentados, além, claro, dos nobres. A ideia fora de Kursk e Rania que viram nisso uma forma de fazê-los ver e ouvir das vítimas sobre aquele dia ou simplesmente conhecê-las. Claro, havia muita discussão sobre essa mistura de nobres e plebeus em uma festa como convidados e nem todos estavam contentes com isso. Até mesmo entre os plebeus havia um bom número de pessoas que não aprovava essa mistura de classes em uma festa da nobreza, que considerava aquilo uma afronta à tradição. Mas, no geral, o clima era civilizado.
Kursk estava terminando de se vestir e uma batida sutil bem familiar o fez estremecer.
Controle-se, pequeno Kursk. Leviatã disse, seu reflexo sombrio atrás da imagem de Kursk no espelho.
Kursk respirou fundo e disse calmamente: - Entre, Rani.
- Noooossa! – Rania disse. – Está bonitão, irmãozinho.
Kursk ainda estava tentando se conter, mas o elogio inocente de Rania não ajudou. Seu autocontrole quase foi pro espaço quando ele se virou e deu de cara com ela. Rani parecia incrivelmente mais adulta, o corpo curvilíneo bem definido e cada vez mais parecido com Carya, os pêlos brilhando com a maquiagem de glitter que as jovens usavam tradicionalmente a séculos, um vestido lilás longo de saia levemente rodada, de gola alta com um coração recortado na altura na frente, a base do recorte terminando num decote sutil no peito, um decote arqueado parando na metade das costas. Havia uma pequena tiara prateada com uma pedra lilás no centro no alto de sua cabeça e joías seguindo o mesmo padrão. Era fofo e infantil, sensual e discreto, uma mistura intrigante como a própria Rania.
- Kursk? Você vai acabar babando na sua roupa todinha. – Rania riu.
Kursk percebeu que estava boquiaberto como um bobo, alisou um amassado imaginário na manga, pigarreou e só então voltou a olhar pra ela. – Você está muito bonita, Rani.
- Ooooown! Obrigadinha, mano. A mamãe quer saber se você ainda vai demorar. Já estão todos nos esperando.
- Não. Já estou pronto. Vamos? – Kursk deu um beijo no rosto dela, incapaz de se conter, beijou sua mão sem conseguir evitar o olhar faminto nos olhos amarelos dela, lhe deu o braço e começou a andar.
- Você é tão brincalhão às vezes que parece eu. – Rania riu, acreditando mesmo que o olhar dele era só brincadeira. – Guarde esses seus galanteios à la Devon porque hoje tenho certeza que você vai desmaiar de emoção quando ver Line. Ela está lindíssima.
- Dúvido que supere você. – Kursk disse, se sentindo cada vez mais corajoso para a missão que tinha se auto imposto naquele baile.
Rania deu um tapinha de leve no ombro dele e riu. – Bobo.
Dupla de lesmas! Se fosse eu já teria dado um jeito nessa menina e estaria me divertindo passando a língua na...
CALA A BOCA, LEVIATÃ! Kursk gritou mentalmente e ficou visivelmente envergonhado com as imagens lascivas que essa declaração causou em sua mente. Leviatã gargalhou, mas não continuou provocando o protegido por uma razão bem familiar. Kursk nem precisou se virar pra ver quem se aproximava. A discrição repentina do fantasma Tiger era bastante eloquente.
- Crianças.
- Tiiiiio! – Rania soltou o braço de Kursk e deu um abraço apertado em Seth que quase caiu pra trás.
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Likastía II
FantasyFelinos são seres tão majestosos, tão lindos e meigos... Alguns são mais selvagens e indomáveis, é bem verdade, mas é impossível ficar indiferente ao magnetismo dos felinos. Em Likastía é mais impossível ainda considerando que é um planeta completam...