Loucos

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- Onde esse menino se meteu? – Carya andava nervosamente.

Era o quarto dia do desaparecimento do jovem mago Laos sem nenhum vestígio. Era também um dia difícil, afinal, se não tivesse sido banido, aquele seria o primeiro dia do Ilenostia Kifey, "a expulsão do demônio Ilena", que comemorava a morte de Ilena, avó materna de Carya, mãe de Kursk. O feriado de dois dias fora banido em respeito à Kursk e, bem, porque, no fim das contas, Ilena não tinha morrido na data que a comemoração fora instaurada e nem era um demônio. Uma lunática, rameira, perigosa, mas não um demônio. Entretanto, grupos se reuniam clandestinamente todos os anos para comemorar a data e o exército Tiger sempre tinha trabalho para encontrar e dispersar os grupos, muitas vezes em festas perigosas, com tráfico de pessoas, torturas e coisas piores. Kursk fora raptado por um grupo nessa data a anos. Apesar de sempre dizer que não tinha acontecido nada demais além de um susto, até mesmo implorado à rainha para conceder clemência à seus raptores, Carya tinha certeza de que ele não contara tudo o que aconteceu naquele dia e isso a preocupava desde então.

- Está falando de Laos ou do nosso filho? – Rodan perguntou, sabendo como ela ficava mais nervosa e preocupada com Kursk nessa data desde o rapto.

Carya suspirou e se sentou no colo dele, aproveitando o raro momento de tranquilidade na sauna usada por Kursk.

- Acho que, no fundo, estou falando dos dois. – Ela disse. – Não entendo por que a Coligação levaria um jovem mago em treinamento. Ele é talentoso, claro, mas ainda está começando na fase mais alta do conhecimento, seria mais lógico levarem o velho Vort.

- Verdade.

- E Kursk... Ele está diferente.

- Seth pode estar só se preocupando demais.

- Nem você acredita nisso, querido. Se meu irmão acha que tem alguma coisa rondando, algo ruim perto do meu filho, eu não duvido nem por um segundo.

- Não duvido também. Seth é poderoso, não se enganaria. Mas ele mesmo disse que ainda não tem certeza. – Rodan comentou. – Lembra o que você sempre diz pra Rani?

- Nunca sofrer por antecipação ou sofrerá duas vezes. – Carya repetiu o próprio conselho.

Um som distante os deixou em alerta e Carya praticamente pulou do colo dele. Os dois se arrumaram pra sair, Carya na frente pra manter as aparências de que estavam brigados. Conforme se aproximavam do portão principal do castelo, os gritos se tornavam mais altos. Os habitantes do palácio começaram a abrir caminho quando viram a rainha e o rei se aproximando. Do lado de fora do palácio, além do portão principal, uma multidão formava uma semi circulo ao redor da cena, err....bem... digamos, louca.

~o~

- Que diabos!

- Olha a boca, rainhazinha. – Zedd sorriu.

- Eu já disse que vou fazer, mas não se acostume. Não sou sua empregada. Não sou obrigada a te ajudar em nada! – Rádara esbravejou.

Zedd segurou o braço dela, cravando as garras na pele até um fio de sangue começar a escorrer. Seu olhar de ódio fez o sangue de Rádara gelar. – Você é o que eu quiser que você seja. – Ele disse num tom baixo e perigoso. – Se não fosse por minha ajuda você nunca seria rainha.

- Você não me fez um favor, idiota. Eu retribuí ajudando você naquele atentado. Estamos quites.

- Estaremos quites quando eu disser. Agora, faça o que estou mandando e pare de gritar como uma bêbada surtada ou entrego sua cabeça numa bandeja de prata pra puta que você tanto gosta. Garanto que a rainha Tiger ficaria muito feliz com o presente assim que eu lhe desse as provas de quem facilitou meu ataque e quem quase implorou de joelhos pra que eu matasse o papaizinho.

Likastía IIOnde histórias criam vida. Descubra agora