ྉ 12 ྉ

3.7K 312 299
                                    

ྉ Eda

Muito bem... primeira posição.

Passei a ponta dos dedos pela extensão dos fios bem arrumados em um coque na minha cabeça e alinhei meu corpo estudando as figuras das minhas alunas enfileiradas lateralmente. Seus pés pequenos e muito bem coordenados se mantinham abertos, seus calcanhares se encontravam — mesmo que alguns mantivessem certa distância do outro — e os pequenos braços formavam semicírculos a frente dos corpos.

A música soou ecoando primeiro no fundo da sala antes de nos alcançar, um sorriso bobo cresceu nos meus lábios ao ver os rostos delas se iluminarem.

— Ótimo, segunda posição. — Os pés distanciaram-se. — Não dobre os joelhos Dália!

A menina me sorriu tímida se esforçando para manter as pernas retas. Enquanto caminhava por elas meus olhos buscavam por Ezgi, na terça ela parecia abatida e distante demais da aula, tive que chamar sua atenção por mais de uma vez e, seu olhar cabisbaixo quase me fez chorar, hoje ela simplesmente não está, o que me deixa preocupada.

Quando ela aparece consigo "monitora-la", mas se ela some, como faço para saber se ela está bem?

— Senhorita Yildiz? — Me viro para Dália fora de posição com os olhos presos na porta. — Acho que estão procurando pela senhorita.

Ainda distraída pelos meus pensamentos meus olhos vagam de encontro ao rapaz na porta, ele usa um boné azul e sorri quando me aproximo. — Bom dia, Eda Yildiz? — Confirmo, seu boné está escrito "Dolci e Fiori" (doces e flores). — Pode assinar para mim?

Eu uso a caixa que ele carrega como apoio e assim que termino ele a entrega a mim e some pelos corredores.

As meninas parecem curiosas, assim como eu. Tem um pequeno cartão no topo e só a assinatura me faz sorrir.

"Optei pelos cannolis hoje, algo docemente italiano.

Espero que desfrutem...

— Serkan B.

PS: Os amarelos são para as suas alunas e o branco para você!"

Franzi o cenho para a caixa com curiosidade a colocando no pequeno círculo formado pelas minhas alunas no chão, seus olhos brilham tanto quanto os meus agora, acredito.

Quando adicionei aquela cláusula no nosso pequeno contrato de guardanapo — ridículo, eu sei — não achei que ele fosse realmente levar a sério, mas ele tinha essa mania irritante de me surpreender e me fazer morder a língua. Á primeira vista ele não é um rosto simpático e caloroso, pelo contrário, Serkan tem traços duros, um pouco rudes até, mas a cada segundo que passo ao seu lado ele põe minhas conclusões sobre sua personalidade por terra. E ele faz isso sem nem ao menos notar, temo dizer que o "diabo" no fundo não passa de um menino solitário.

O conteúdo da caixa me faz suspirar assim como minhas doces companheiras.

Tem cannolis aqui dentro, cannolis individuais dentro de caixas pequenas com lírios amarrados por fitas.

Lírios amarelos e, apenas um branco.

— Serkan é o seu namorado senhorita Yildiz? — Uma das meninas me questiona depois de um tempo, ainda não consigo falar pareço mentalmente incapacitada de pronunciar qualquer coisa.

Acho válido dizer que eu nunca, nunca, nunca antes recebi flores. Nem mesmo umazinha sequer. Então é bastante compreensível que eu me sinta emocionalmente abalada agora.

Duas vezes você |✅|Onde histórias criam vida. Descubra agora