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Eda

Meu sangue, quente, fervilha em minhas veias enquanto aquela música se repete incansavelmente nas caixas de som. Eu detesto músicas de elevador.

Meus músculos se comprimem pela tensão que se alastra por mim desde que deixei o restaurante em direção ao meu objetivo.

Arrancar fio por fio, folículo por folículo, daquele cabelo perfeitinho dele, com uma pinça e depois castra-lo com minhas unhas.

Travei meu maxilar com força batendo a mão contra a coxa, a cada meio segundo que se passava naquela caixa metálica vendo os andares em vermelho na telinha minúscula acima das portas, minha mente parecia se alimentar um pouco mais da fúria que desenhava aqui dentro maneiras de matá-lo.

Como pude ser tão burra?

— Agrh! — Grunhi baixo e irritada.

É isso que acontece quando baixa a guarda e confia no diabo. — Cretino! — O homem ao meu lado limpou a garganta arregalando os olhos pretos em minha direção.

Não me desculpei, estava de péssimo humor para homens hoje. — Pilantra! — Disse, um pouco mais alto dessa vez, justamente para que ele ouvisse e se mantivesse onde estava, do outro lado da caixa.

Terminaria com aquela palhaçada de uma vez por todas agora. Quem ele se supunha ser para querer mudar algo no meu restaurante sem me consultar antes?

Ele havia me cegado com aquele charme besta dele, deveria ter planejado isso desde o início, mi pugnalate alle spalle. Mas desta vez, nem mesmo aquele par — intensos e brilhantes — de esmeraldas, sugando minhas forças seriam o bastante para me distrair — assim espero — do meu objetivo:

Aniquilar aquele homem.

(*Me apunhalando pelas costas*)

Quando as portas daquela maldita jaula se abriram eu disparei como um raio na direção de Leyla.

Pobre Leyla, ao me ver notei seu corpo inteiro se retesar em alerta.

— Antes que fuja... — Ergui minhas mãos para que ela não fugisse de mim. — Quero me desculpar, nossos encontros não foram tão agradáveis.

Ela empurrou os óculos com a ponta do dedo se remexendo na cadeira. Não direcionaria minha raiva a ela, então, respirei fundo antes de me aproximar.

Ela se levantou, ombros eretos e mãos na frente do corpo. — Senhorita Yildiz, — Sua voz era tão doce, suave, mas ainda a sentia tensa. — O senhor Bolat é um homem ocupado e mesmo sendo a noiva dele. — namorada, corrigi mentalmente, mas não fiz qualquer menção de tornar verbal. — preciso perguntar... tem hora marcada?

Eu ri, de escárnio, mas não queria.

Ela era uma boa pessoa. A vi se afundar na cadeira atrás de si antes mesmo da minha resposta ela já tinha se dado por vencida.

Choquei minhas unhas, de um verde oliva, contra a superfície fria que nos separava e me inclinei para Leyla.

— Ele está?

— Em uma reunião...

— Ah... não se preocupe! Vou dizer que tentou de todas as formas me impedir.

— Mas o senhor Bolat está...

Ela não conseguiu completar e eu pude ouvi-la bufar assim que toquei a maçaneta prateada. Vozes e risadas chegavam a mim através da porta, que tipo de reunião era aquela? Eles pareciam estar se divertindo bastante.

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