Capítulo 2

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Conheço Hyelim desde que me entendo por gente, na verdade, até antes disso. Ela era novata no infantil, tinha acabado de vir para a cidade com a tia, e eu, super hiperativa, logo a chamei para brincar. Não nos soltamos mais.

Ela lembra de tudo com detalhes. Anos depois, me contou como ficou feliz quando a pequena Josephine chegou saltitante até ela. Uma baita memória de elefante, mas eu não fico pra trás, me lembro de ter gostado daqueles olhinhos pequenos e puxados.

Crescemos juntas, aprendemos juntas, nos encontramos juntas

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Crescemos juntas, aprendemos juntas, nos encontramos juntas. Nos moldamos uma à outra, não existe Josephine sem Hyelim e não existe Hyelim sem Josephine.

Ela é boba, ri de tudo e faz palhaçada. É inteligente, gentil, carismática e, extremamente, comunicativa. Chega a ser inacreditável, mas quem não gostaria de falar com ela?

Ainda criança, ela virou meu porto seguro. Engraçada, presente, prestativa e atenciosa. Eu não fazia ideia do quão importante ela seria para mim. Resumidamente, e de forma clichê, somos carne e unha, ela é minha alma gêmea, minha metade da laranja, mas não minha amante, se você pensou isso.

Juntas, nós não tínhamos medo do mundo e, muito menos, do autoconhecimento. Foi assim que descobrimos nossas sexualidades, mas os resultados foram diferentes. Hyelim é, indubitavelmente, hétero, e não tivemos problemas quando eu me descobri bi.

Foi um desafio e tanto, ainda mais em uma cidade pequena. Ficar com alguém em Carter Hill pode acontecer de duas formas: Em festas, se não existe intenção de assumir um relacionamento sério. Ou fora de festas, diante dos olhares curiosos e fofoqueiros da população, e ciente de que pressões sobre noivado e casamento vão ser feitas.

— Procurou no noticiário? — Hyelim cochicha, me tirando das minhas lembranças. Eu me limito a apenas balançar a cabeça, respondendo que não.

— Eu procurei — Lucy nos surpreende ao murmurar. Falando sobre a população fofoqueira, Lucy estava bem atenta para ter escutado o cochicho de Hyelim. — Não tem nada em canto nenhum.

Claro que não.

Os gritos e a correria do outro lado da porta perderam altura, ficaram distantes, talvez fora da escola.

— O que você tinha vindo fazer aqui, Dener? — eu, involuntariamente, ouço o questionamento íntimo de Lucy. — Veio de farda e não comentou nada com Nadin... — ela completou.

— Vim a trabalho e, você sabe, são assuntos confidenciais — Dener respondeu rápido.

— Você sabia que isso ia acontecer? — Hyelim se intrometeu, recebendo um riso nasalado e irônico do xerife.

— Geralmente, não costumam avisar ao xerife do condado quando planejam um ataque assim, Srta. Reed! — apesar da ironia, ele foi sério, e manteve o tom ameno. Continuando em seguida. — Se eu soubesse, minha filha estaria bem longe dessa porcaria, você não acha?

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