Tudo aconteceu rápido, tão rápido que eu não acompanhei com clareza.
Bruscamente eu me soltei de Yan e virei para trás.
O amontoado de pessoas que assistia os reencontros, abriram espaço e eu finalmente pude ver.
Um deles tinha passado por nós, como Jonah tinha feito, e estava parado exatamente atrás de Hyelim.
Ela não se mexeu, os pequenos movimentos mostravam apenas seu corpo tremendo e se esforçando para segurar o choro em olhos marejados.
E então, tudo ficou, dolorosamente, em câmera lenta.
O monstro, sem piedade, abocanhou seu ombro. A fazendo, além de sentir, assistir a cena a milímetros de distância e gritar de agonia.
Hyelim foi mordida.
Hyelim. Foi. Mordida.
— HYELIM — soltei já correndo até ela, tropeçando entre os corpos no chão com a visão embaçada.
Não consegui pensar no que fazer, eu só queria afastá-lo dela, parar a sua dor!
Então, com a palma da minha mão, eu empurrei o rosto medonho na altura de sua testa, mas ele tinha cravado os dentes de forma certeira na carne dela e os enterrava cada vez mais.
Vamos! Largue!
Desesperada, precisei colocar mais força enquanto ouvia minha amiga berrar de dor e, quando, finalmente, consegui o afastar e tirar os olhos do rosto espremido em dor de Hyelim, vi que ele havia levado entre os dentes parte de seu ombro.
Uma parte grande.
— NÃO, NÃO, NÃO! — eu o assisti mastigar horrorizada, com os olhos a transbordar nojo e desespero.
Ele engoliu, e doeu profundamente porque eu sabia exatamente o quê.
Hyelim já não tinha mais forças para gritar e a ouvir ranger em agonia era ainda pior. Seu corpo pesou contra mim e em reflexo a segurei, mas durante o processo larguei a ferramenta que ainda segurava.
O monstrengo insistente avançou novamente até nós e tudo o que consegui foi empurrá-lo com um única mão.
Era o Sr. Rodriguez, nosso professor de literatura.
Mas Hyelim pesava cada vez mais em meu braço, soluçando entre o choro, gemendo e eu só consegui empurrar o Sr. Rodriguez mais uma vez antes de cair amortecendo o corpo frágil de Hyelim.
Com a visão embaçada, vi Yan rapidamente passar por nós e lidar com o Sr. Rodriguez.
Finalmente, pude voltar minha atenção a ela, mas não consegui engolir ainda mais o choro.
— Lim... — a chamei. — Lim, por favor...
Notei seu rosto se contorcer acentuadamente e ela engasgou, atrapalhada entre o choro e uma tentativa de fala. Meu coração apertou.
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DEVIR
Roman pour AdolescentsDE.VIR [S.M] 1. Constante mudança. Vir a ser. Tornar-se. 2. Lei geral do universo, que cria, destrói, reconstrói e ensina. Eu li uma vez que o ser humano é desadaptado do mundo. E talvez seja mesmo, por isso está sempre no topo da cadeia. Vida ou m...