Dener precisou colocar força para abrir a porta, algo estava a bloqueando, mas não demorou para ele sair, olhando para todos os lados e abrindo espaço para passarmos também.
Fui olhando para o chão com atenção, para não pisar na poça de sangue e acabei encontrando a fonte.
— Puta merda! — coloquei a mão na boca, na esperança de ter dito só em pensamento, mas Dener mostrou que não o fiz me fulminando com o olhar.
Era a Sra. Rose, com a cabeça estourada. Era possível ver alguns pedaços do cérebro espalhados no chão envoltos de sangue, e eu precisei segurar a ânsia que me subiu, uma sensação diferente da que eu tinha quando via pela tevê, ou pelas gravuras dos livros de biologia. A Sra. Rose estava com suas roupas de sempre, a saia comprida e colada totalmente ensanguentada, assim como sua camisa de botão branca, que não tinha um ponto limpo. O corpo jogado no canto do corredor exalava um fedor tão insuportável quanto a visão.
— Eu disse sem choro, Srta. Long, tem como dar exemplo para os seus colegas? — o xerife, que notou minha fixação murmurou, me cutucando com o martelo. Já eu, notei que ele evitou olhar pro cadáver no chão, algo que eu deveria fazer.
O corredor, apesar de uma bagunça, estava sem nenhum monstrengo senão a Sra. Rose, o que me proporcionou um pequeno alívio.
— Pelo menos sabemos que morrem! — Lucy sussurrou e recebeu um SHIH do mais velho. Ela levantou a mão livre e o respondeu com seu dedo do meio, mas Dener a encarou feio e a menina deu fim a brincadeira.
Quando finalmente todos saíram da sala, começamos a andar em direção ao fim do corredor.
— Fiquem atentos no corredor! Gardner, se concentra! — Ele voltou a murmurar com instruções.
Meu coração não se acalmou e acho que não vai tão cedo. Meus pés grudavam no piso frio, talvez pelo suor, ou talvez pelas gotas de sangue espalhadas por todo lado. Era preciso desviar de algumas mochilas, livros e cadernos também jogados no chão, onde os meus devem estar.
Não demorou muito para chegarmos até a L, são apenas quatro portas e as salas têm um tamanho médio não muito espaçosas, assim como eu disse para o xerife.
Nos amontoamos na porta, em uma meia lua desengonçada envolta de Ava.
— Vamos, Ava! Abra logo essa droga! — Hyelim apressou a menina baixinho.
— Se acalme!
Não tive como aguentar o nervosismo de ver Ava abrir a porta como uma lesma, então me virei de costas e me concentrei no corredor e, assim, pude ver de longe a porta da sala que saímos ainda aberta. Por que não fecharam?
— Não estão aqui! — ouço ela dizer e me viro para certificar. Não é possível! — Está vazia, Josephine!
A ignoro e entro pela sala.
Está mesmo. As cadeiras remexidas e os sapatos deixados para trás mostravam que passaram aqui, mas para onde foram?
MERDA!
Entrei rapidamente na sala e comecei a procurar algo, qualquer coisa, enquanto tentava regular minha respiração.
Foi fácil ver a capinha verde do celular de Yan. Liguei a tela e logo vi uma foto dele com Olie, a bateria estava em 15%, sem sinal, mas Yan não larga o celular por nada!
Acionei a lanterna e continuei procurando.
— Josephine! Porra! Anda logo! — ouço Lucy me chamar da porta, mas ignoro e continuo procurando. Tem alguns cadernos no chão.
— Passaram por aqui, Lucy! — folheei um de capa mole lilás. — Saíram daqui vivos! — Parei na contra capa de dados do pertencente.
Nadin Dener, filha de um puto!
VOCÊ ESTÁ LENDO
DEVIR
Teen FictionDE.VIR [S.M] 1. Constante mudança. Vir a ser. Tornar-se. 2. Lei geral do universo, que cria, destrói, reconstrói e ensina. Eu li uma vez que o ser humano é desadaptado do mundo. E talvez seja mesmo, por isso está sempre no topo da cadeia. Vida ou m...