Acabei dormindo enquanto esperava Seth morrer no jogo. Ele é bom e, depois da sua resposta, eu não puxei mais nenhum assunto, isso deve ter o deixado mais concentrado, enquanto eu me remoía constrangida a procura de algo para dizer, mas eu não disse.
Depois da revelação da venda de armas e depois de ouvi-lo dizer que seu pai não era quem achávamos que era, os dois ainda podiam ter uma relação amigável, não é? Não? De qualquer forma,não é uma coisa incomum nos dias de hoje, mas, porra! Eu disse besteira de novo?
Quanto a Dominic, eu já desconfiava de algo assim. Seu pai, Michael Bjorn, o prefeito da cidade e também candidato a fazer parte do conselho do condado, é um homem sério, ambicioso e metódico, sem um fio fora do lugar, totalmente o oposto de Dominic, que não dá a mínima para a política do pai e vive a vida sem limites. O garoto nunca precisou fazer muito para se tornar rei do pólo popular da Carter Hill High School; o trono foi entregue desde a infância, herdado assim como o dinheiro e a mente ambiciosa.
Mas, sempre que Dominic aprontava no território escolar, o que acontecia corriqueiramente e, onde ele ainda era um aluno comum, quem aparecia para resolver era sua mãe, a elegante, gentil e paciente Eleonor. Talvez, Michael estivesse ocupado, ou apenas não queria ser associado às ações inconsequentes e espalhafatosas do filho.
Eu usei Yan de apoio, assim, cochilar sentada não foi de todo mal. Josh usou minhas pernas de travesseiro e Seth acabou cochilando no meu ombro. Não foi uma noite de sono completa, talvez nunca mais teremos uma, mas acordar com os chamados delicados do xerife foi difícil.
Durante esse tempo na sala "P", Dener e Lucy se mantiveram em uma distância significativa um do outro, em silêncio, ou falando apenas o necessário. Eu não sei ao certo quem está dando tempo para quem, mas é normal eles se resolverem individualmente primeiro, não é? Cada um com seu luto, cada um com seu jeito, apesar das semelhanças.
Infelizmente, eu precisei ir na Sala "H" para pegar meu tênis, andar descalça pela escola já era ruim o bastante, mas eu fui completamente a contra gosto, com Yan e Josh na minha cola.
Onde tudo começou.
— Quantos sapatos! E meias! — meu irmão observou. — É estranho vocês andarem sem calçado por aí! Minha mãe dizia que minhocas também entram no pé, sabiam? É nojento, eu vi fotos!
Josh não tinha tirado seu tênis preto do pé que, provavelmente, fora obrigado a calçar pela mamãe. Rapidamente, eu achei meu tênis branco pisoteado perto da porta e, enquanto Yan segurava a faca que recebi de Haven, eu limpei o excesso de sujeira do pé e os calcei, sem meia mesmo. Antes de sair da sala, segurando minha vontade de correr, dei de cara com o tênis de Hyelim.
— Alguém pode usar se precisar — Yan disse, ele conhecia bem aquele sapato.
— Claro — eu concordei e, assim que fecho minha boca, Seth chega à sala acompanhado do xerife com o mesmo objetivo. Já estava na hora de todo mundo se calçar mesmo.
— Vamos, tempo agora vale mais que dinheiro! — Dener nos apressou depois de calçado.
A sala "H" ficava a alguns armários das portas principais, já estávamos com meio caminho andado, mas ainda me surpreendi ao ver o aglomerado perto das portas. Como uma despedida.
— Tem certeza? — Yan sussurrou ao se virar para mim. — Ainda dá tempo de trocar!
Sorri agradecida pela sua preocupação, desci minha mão pelo seu braço e peguei de volta a faca. Eu já estava decidida e, além do medo, a curiosidade de ver como está do lado de fora tinha me atingido. Eu não ia me contentar em saber por outra pessoa, tinha que ser eu.
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DEVIR
Teen FictionDE.VIR [S.M] 1. Constante mudança. Vir a ser. Tornar-se. 2. Lei geral do universo, que cria, destrói, reconstrói e ensina. Eu li uma vez que o ser humano é desadaptado do mundo. E talvez seja mesmo, por isso está sempre no topo da cadeia. Vida ou m...