Após o rubor das bochechas de Yan sumir, ele me levou até Josh, que dormia na sala de Haven e Lucy. Mas o céu já estava clareando, confessando as possíveis seis horas da manhã e o nascimento do sol.
Yan esperou que eu entrasse e se mexeu para fechar a porta entre nós dois, mas eu o parei
— Você não vai entrar? — eu o perguntei em um sussurrei.— Essa sala já está cheia o bastante — ele disse. — Fica com ele e vê se dorme um pouco, está bem?
Ele tem outros motivos, eu sei que tem. É uma sala grande o suficiente para até mais do que cinco pessoas.
— Você tem certeza? — eu insisti, mas ele concordou e, antes de se afastar, estalou um beijo na minha testa.
A sala já tinha iluminação suficiente para que eu visse exatamente onde colocava os pés e não pisasse nas pessoas dormindo tranquilamente sobre finos lençóis no chão.
À direita, mais próxima da porta, estava Haven. A menina se aproveitara da inclinação nada confortável da parede para apoiar a cabeça, o que certamente a causará um torcicolo. Logo ao seu lado, estava Joshua, encolhido e abraçando os próprios joelhos como se fossem uma pelúcia fofa. Meu irmão estava entre as duas meninas, sendo protegido de ambos os lados, mesmo estando mais distante de Lucy, que dormia de lado, meio embolada em seu lençol e usava as mãos unidas de travesseiro.
Eu respirei fundo e, calmamente, deitei ao lado do corpinho pequeno de Josh.
Mas todo meu cuidado foi dilacerado.
Em um piscar de olhos, Josh saiu de seu sono profundo e estava ofegante, se arrastando para longe com os olhos assustados.
— Calma! Calma! Sou eu! — eu espremi minhas exclamações em um sussurro, mas Haven e Lucy, além de bem acordadas, estavam de pé. — Sou eu!
A sala se inundou de um quase silêncio. Meus ouvidos captavam apenas as muitas respirações descompassadas.
Pacientemente e com o peito apertado, eu assisti Josh se recuperar do susto. Eu deixei que ele recobrasse a própria respiração e o raciocínio após um sono não tão tranquilo quanto eu imaginava.
— Está tudo bem — eu reforcei por fim. — Sou apenas eu.
Em outro piscar de olhos, tão rápido quanto se afastou, Josh se lança no meu colo e eu, finalmente, posso abraçá-lo.
— Oi, Joseph.
Não importa o quanto eu apertava meu pequeno irmão contra mim, ou o quanto ele me apertava, eu nunca pude respirar tão bem. Um alívio na qual nós compartilhamos.
Mas ao abrir os olhos, ainda abraçada à Josh, eu percebi olhares diferentes entre Haven e Lucy. Olhares resistentemente pesarosos, trocados entre elas e lançados a mim.
Alguma coisa mudou. Definitivamente, alguma coisa mudou. Merda!
[...]
Eu fiz uma busca minuciosa pelo corpo de Josh antes de conseguirmos dormir mas, aparentemente, o novo sangue em sua blusa não contém o seu DNA.
— Dia, Josephine! — saudou Haven, assim que eu me estiquei para acordar.
Dia? Eu fiz algo tão ruim a ponto de não merecer o mínimo dos bons modos?
Eu suspirei ,e cuidadosamente, sentei ao lado do meu irmão que ainda dormia tranquilamente.
— Isso quer dizer que você está... brava? — eu perguntei baixinho, para não incomodar Josh, algo que Haven não fez muita questão de priorizar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
DEVIR
Teen FictionDE.VIR [S.M] 1. Constante mudança. Vir a ser. Tornar-se. 2. Lei geral do universo, que cria, destrói, reconstrói e ensina. Eu li uma vez que o ser humano é desadaptado do mundo. E talvez seja mesmo, por isso está sempre no topo da cadeia. Vida ou m...