Capítulo 15

51 7 0
                                    

Logo nós saímos da casa dos Sherwood e Seth ficou lento pelo peso da mochila, eu acabei passando em sua frente, sem medo ao ver a avenida ainda vazia. Uma pequena corrida e já estávamos na próxima casa.

Fomos recebidos por um jardim bem cuidado, envolto de um muro baixo. A casa recém ocupada pelos Ricci, uma família italiana que a pouco tempo descobriu a existência de Carter Hill. A única coisa que eu sei deles é que a família é formada por um casal, duas crianças pequenas, mais novos que o Josh e uma avó.

Eu não parei para olhar a distância da cidade dessa vez, sei que está um pouco menor, então apenas entrei pela pequena porteira e passei atravessei o jardim, sendo seguida por Seth, mas, assim que cheguei perto da porta de entrada, pude ouvir os murmúrios engasgados de monstrengos.

Automaticamente, eu cerro os punhos, a procura da madeira se apertando em minha palma, mas apenas sinto minhas curtas unhas mancando meias-luas. Porra! Eu as esqueci em cima da mesa!

Os monstrengos começaram a bater forte na porta e, assustada, eu me virei para Seth, com minhas mãos expostas no ar. Culpada. Posso apostar que os olhos de Seth escureceram incrédulos e ele bufou, se segurando para não revirar os olhos. Ainda em sua reação desapontada, Seth tirou as alças da mochila pesada dos ombros e a descansou no batente ao lado da porta.

Meu coração estava confuso entre bater rápido e forte, ou se espremer apertado até explodir e, piorou, quando eu vi Seth se posicionar no meio da madeira e subir sua faca em frente ao rosto. Ele vai entrar?

O menino colocou a outra mão no trinco e se virou para mim, falando em alto e bom som: — Fique aqui!

O quê? Os 5 devem estar lá! Talvez, até mais! Ele vai entrar sozinho?

Merda, Josephine! Culpa sua! Mas nem fodendo o Cohen vai sozinho!

Seth empurrou a porta de uma vez, a deixando escancarada e, no mesmo segundo, três deles avançaram em Seth grunhindo e abrindo a boca.

Eu não precisei empurrá-lo para me colocar na frente de dois deles. Usei toda minha força para, desengonçadamente, levá-los para longe de Seth. Acabei com meus antebraços posicionados em seus pescoços, logo abaixo do maxilar, travando qualquer movimento de suas bocas e, assim, eu os levei até a parede mais próxima.

Eu me mantive como pedra, tentei não surtar as mãos secas e frias tocando meu corpo, meus ombros, minhas costas.

Eram dois adultos, claramente, mais fortes que eu e o instinto quase animal de se alimentar apenas os deixava mais persistentes! Insistiam em contorcer o pescoço para abrir a boca, na tentativa de abocanhar meu pulso e, eventualmente, conseguiriam!

— Seth — eu o chamei. Apenas Seth podia apagá-los, sem Seth, a única coisa que eu posso fazer é continuar empurrando os braços para cima, imobilizando suas bocas por mais tempo, mas as mãos estavam me apavorando. Me dando nojo. Eu estava ficando fraca.

— Um minuto! — respondeu casualmente Seth. Um minuto?

— SETH — eu gritei, soando mais desesperada do que queria.

Os monstrengos continuavam se forçando contra mim, se mexendo, querendo liberdade do meu aperto e minha perturbação crescia ao ver a necessidade deles pela minha carne. A pele cinza e gelada, as íris dos olhos brancas e circuladas com veias grosseiramente irritadas; como algo assim pode ser real?

— EU JÁ VOU, PORRA! — ouvi seu aviso irritado.

Eu não estava vendo Seth, não conseguia tirar os olhos das coisas à minha frente e as via cada vez mais perto. Eu sentia meus braços adormecerem, pelo tempo levantados, quase vi o sangue circular com dificuldade e, como se adivinhasse, Seth puxou o Sr. Ricci pela roupa tão podre quanto a pele, tirando um enorme peso de mim.

DEVIROnde histórias criam vida. Descubra agora