Não muito tempo depois, fomos chamados pelo xerife para ir até uma das salas de aula que, estranhamente, estava limpa e arrumada, mas, desde que entramos, Dener apenas se sentou em uma das carteiras e não deu uma palavra. Algo atípico para ele, agora, justificavelmente, atípico.
Eu, Yan, Seth e Ayo nos encaramos em um silêncio extremamente desconfortável, enquanto Haven, Lucy e Dener ainda estavam perdidos cada um em seus pensamentos.
O clima estava obviamente tenso, ninguém ousou falar primeiro, em respeito. Josh podia estar aqui para fazer algum comentário bobo sobre "caçar lesados" e descontrair um pouco, ou, ao menos, tornar um pouco constrangedor, mas eu pedi que Ava ficasse de olho nele por uns minutos, já que eu não fazia ideia do rumo dessa conversa, que não estava sendo nenhum até Yan respirar fundo e dar fim ao silêncio de forma até que sutil.
— Dois quilos de arroz, uma lata de milho verde e uma de ervilha, é o que temos de alimento.
— A gente limpou a cozinha então... já pode ser usada — dei continuidade.
— E tem mais coisas que precisamos falar — meu amigo avisou, esperando alguma confirmação do xerife. O homem, que antes não esboçou nenhuma reação, levantou o olhar gélido do chão, indo até Yan e deu de ombros.
— E não está falando por quê? Estamos aqui para isso, não é? Fale!
Yan engoliu seco, mas não se intimidou, entendeu que o homem, já ranzinza, estava pior devido aos últimos acontecimentos.
— Nós precisamos de mais suprimentos. Estamos na extremidade da cidade e o comércio mais próximo fica no cent-
— Me parece que você já pensou nisso, garoto, apenas pule para a solução! — o xerife o interrompeu.
— Mas nós não precisamos comprar — Haven observa. — Que diferença faz ir até o centro se nós não vamos pagar de qualquer jeito? Existem casas por aqui, não muito perto, mas existem. Podemos pegar comida nelas.
Pegar?
— Você está falando de roubo na frente do xerife da cidade? — Dener encara rigidamente a menina loira.
Na verdade, de invasão de propriedade privada e roubo, xerife.
— Sim? Você não se importa, certo? Pelo que me lembro, você mesmo disse algo como "podemos ser o que sobrou da cidade"!
Dener ergueu as sobrancelhas, a olhando com tédio.
— Indo até o centro ou não, ainda precisamos de pessoas para sair e voltar — Seth cruza os braços, pensativo.
Pessoas para sair e voltar vivas, ele quis dizer.
— Era isso que eu ia falar antes de ser interrompido! — Yan resmungou. — Josephine chamou de "buscadores".
Eu não lembro de exigir direitos autorais.
— Ao meu ver, todos aqui podem sair e voltar — opina Ayo.
— Então somos buscadores? — Haven gira o dedo, apontando para os presentes.
Por que agora soa ridículo?
— Parece que sim — suspiro.
— Se acham que vão voltar, podemos tentar — Dener passa os olhos lentamente por cada um de nós. Como sempre, super motivacional! — Mas não precisamos apenas de comida. Vocês não pensaram nessas coisas lá fora? Essas portinhas não vão segurar eles quando descobrirem a quantidade de comida que tem aqui dentro! Precisamos de armas de verdade!
— Você está falando sobre armar adolescentes, xerife? — Haven abre a boca, fingindo surpresa, ela parecia afoita para rebater o xerife, mas, quando o homem não revida a implicância, ela murcha; cruza os braços, perdendo o olhar pesaroso pelo chão.
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DEVIR
Teen FictionDE.VIR [S.M] 1. Constante mudança. Vir a ser. Tornar-se. 2. Lei geral do universo, que cria, destrói, reconstrói e ensina. Eu li uma vez que o ser humano é desadaptado do mundo. E talvez seja mesmo, por isso está sempre no topo da cadeia. Vida ou m...