Capítulo 34

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Eu fiquei por mais alguns longos minutos embaixo do chuveiro, mas meus dedos me apressaram, começando a enrugar.

Haven tinha deixado um moletom preto na pequena pilha de roupas, acima de uma calça jeans clara que, com certeza, ficaria folgada nas minhas pernas. Calcinha e um top sutiã sem bojo, ambos pretos.

Céus! Haven realmente pensou em trazer uma boa combinação? Bom, ela pensou nos tamanhos.

Eu tenho roupas, mas não tenho toalha, ótimo!

Droga! Meu reflexo no espelho ainda era deplorável. Eu não sei de onde surgiram um tanto destes hematomas roxos em meu tronco, mas eu sei o motivo dos meus ossos estarem tão saltados. É óbvio, incômodo e extremamente perceptível.

Eu estranhei meu cabelo curto e molhado emoldurando o rosto e estranhei todo o conteúdo dele. Você está deplorável, Josephine. Deplorável.

Constatando o que eu já sabia, eu comecei a me vestir e logo saí do vestiário. Descalça. Merda.

Dei de cara com Yan. O garoto estava atento do outro lado do corredor, me esperando e apontando uma pequena lanterna ligada para o chão, a deixando iluminar o que o sol lá fora, por um fio, não podia mais.

— Melhor? — ele docemente perguntou.

É uma pergunta séria, eu sei que sim, mas não é a mais adequada e eu demorei para respondê-lo.

— Eu não sei, Yan — minha boca murmurou.

— Por favor, Josie — Yan pediu, já com os olhos cheios. Merda. — Não mente pra mim...

— Mas eu não sei — eu reforcei. — Eu não sei mais responder essa pergunta. Não para você.

Foi a deixa para meus olhos acompanharem Yan e voltarem a lacrimejar.

Eu não tinha mais a guarda alta. Não suportei mantê-la, não para Yan e, sinceramente, talvez eu não consiga mantê-la para mais ninguém.

— Eu estou preocupado com você — ele sussurrou, como se soubesse que ouvir isso não me agradaria. E não agrada.

Eu não quero ser uma preocupação, e acabo deixando uma lágrima escapar, porque.

— Não precisa... — eu digo, tão chorosa quanto mentirosa, porque eu também estava preocupada comigo.

Yan ia levar sua mão desocupada para o rosto, mas eu não deixei, voei entre seus braços. Eu preciso disso.

— Quando vai acabar? — ele espasma um pequeno suspiro enquanto aperta minhas costas, e eu ignoro a onda cansada de dor que se espalha. — Quando isso vai acabar?

O que Yan está dizendo? Ele é quem tem um dos últimos resquícios de esperança aqui! Não pode perdê-lo!

— Logo logo! — eu me apresso para responder e o afasto de mim, olhando em seu rosto espremido pelo choro. — Logo!

Yan certamente não acredita em uma palavra do que eu disse, mas lentamente concordou com a cabeça, engolindo o choro e acariciando meu cabelo ainda úmido.

— Você precisa comer — ele anunciou e, antes mesmo de obter qualquer resposta, já estava com uma mão em minhas costas, me guiando para o refeitório e iluminando menos de 2 metros à nossa frente com sua pequena lanterna. Merda.

Não estava tão escuro, mas o leve indício de breu ao redor me causava pavor.

— Não, espera! — eu aviso. Rapidamente refaço o caminho para o vestiário, ignorando o olhar surpreso de Yan e pego minhas facas do chão do banheiro.

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