Capítulo 32

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Não demoramos para sair. Porque cada segundo conta. Era o que Dener dizia de segundo em segundo.

Tive uma despedida rápida com Josh e, como as outras, essa não me deixou nada confortável.

Eu já saí algumas vezes por essas portas e, em nenhuma delas eu estive forte e imbatível por muito tempo, mas também nunca estive tão fraca como agora. Cansada e com medo. Eu nunca precisei engolir tanto medo.

— Puta que pariu — Ayo murmurou quando nos posicionamos na extremidade do canteiro da avenida.

Eu não parei para analisar a expressão de cada um, não precisei. Eu sei que estão apavorados, como eu.

O ser que costumava ser um garotinho ainda estava no alto do escorregador, protegido pelas pequenas paredes de uma casinha, ele se mantinha entretido com os próprios pés, girando em seu eixo, enquanto o adulto solitário, apelidado de pedrinha, o rodeava pelo lado de fora.

Os dois podiam ser pai e filho, atraídos por um instinto paterno e protetor, apenas se divertindo, mas não são.

— Na porta principal? — eu sussurrei a pergunta para Dener.

O xerife ajeitou a postura, subiu sua submetralhadora para o ombro e confirmou com um balançar de cabeça. Certo.

Rapidamente, eu olhei para Dominic, tão nervoso e medroso quanto eu, apertando com força o pedaço de madeira em sua mão, até que os nós de seus dedos perdessem a cor.

— Josephine — sou chamada por Seth, que estende sua mão vazia para mim. — É melhor deixar uma mão livre.

Demorei para entender do que Seth falava e, apenas entendi depois que ele apontou para uma das facas que eu tinha em mãos. Claro. Eu sequer pensei, o entreguei a que tinha na mão esquerda, e vi quando ele a jogou na grama falha do canteiro.

Estranhei ao sentir o vento bater no suor da mão, agora, desocupada. Merda. Eu estou ficando nervosa.

— Eu soube que você andou mexendo no meu armário — eu comentei, aleatoriamente.

Seth riu, surpreso, e eu confesso que também estou com minha lembrança.

— Você pode brigar comigo depois — ele sugeriu, já balançando a cabeça em concordância.

— Essa é uma péssima motivação! — eu confesso. — Mas vou lembrar disso.

— Vocês vão ter que cuidar dos monstrengos no parquinho — Dener instruiu, intercalando os olhos entre Dominic e eu. — Eu vou avisar quando for para começar a abrir a porta e os que passarem por lá são nossos!

— Em teoria... — comentou Yan, baixinho. Outra péssima motivação.

Eu não esperei mais despedidas, já que a possibilidade de morte é, realmente, grande. Eu não esperei mais instruções, ou por Dominic, apenas comecei a andar sozinha, respirando fundo e me convencendo de que vai ficar tudo bem.

Eu não estava nada perto quando o solitário percebeu minha presença e ergui a faca à medida que ele, lentamente, se arastava para mim. Horrível. Um vazio de grunhidos e fome.

Dei alguns passos para trás, tomando distância, e ele ergueu os braços. ELE ERGUEU OS BRAÇOS!!

Uma onda maior de desespero me atingiu. Eu perdi o ar apenas de imaginar aquelas mãos geladas em mim.

Eu o assisti abrir a boca, se esforçar dentro do seu equilíbrio limitado para me alcançar.

Nesse momento, eu tinha saído do eixo. Minha distração baixou minha guarda e levou minha faca para descansar ao lado do meu corpo.

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