Capítulo 39

3.3K 361 44
                                    

  A carta parece queimar nas minhas mãos enquanto a releio mais uma vez,sentada na escrivaninha.

  -Mais uma carta,Ster?

  Rapidamente coloca a carta no envelope e enfio no bolso do meu pijama.Me levanto apressada.

  Vejo a Sam encostada na porta.

  -Não acha que já causou problemas demais?-completa.

  -É uma situação diferente agora.

  -E para quem é a carta?para o Robby?

  -Não,é para o Miguel-respondo me sentando na ponta da cama.

  Ela se senta do meu lado estupefata.

  -Miguel?Depois de tudo?Depois dele ter espalhado aquele boato idiota sobre você ter transado com ele no ôfuro.

  -Não foi ele que espalhou.

  -O Miguel que te contou isso?-pergunta ela com descrença na voz.

  -É,foi ele sim.E eu acredito e confio nele-ela faz uma careta-Sam,eu não sei que briga você tem com ele.Mas pode respeitar o fato de que eu gosto dele?eu aceitei de boa o seu relacionamento com o Robby porque sabia que te faz feliz,ou melhor,fazia.O Miguel me faz feliz.Isso deveria bastar para você deixar de lado as suas brigas com ele.

  Samantha respira fundo.

  -Tudo bem-diz ela se sentando do meu lado.

  -Então,me ajuda.Não sei se devo entregar a minha carta pessoalmente,ou se devo mandar por correio.Talvez eu mesma posso colocar na caixa de correio dele...

  -Você só precisa falar com ele-interrompe a Sam,desanimada.

  -Tipo...entregar a carta pessoalmente?

  Ela assente.

  -Vá agora mesmo.Depois do almoço pode pegar o meu carro e ir até lá.Entregue a carta e veja o que o Miguel tem a dizer.

  -Eu não sei...

  -Não espere até ser tarde demais.

  Ela se levanta.Então reparo que já está arrumada para o almoço.

  -Tio Daniel pediu para você ir ajudar com a sobremesa.Precisamos de você,esta uma loucura lá em baixo.se troca e desce.

  Samantha fecha a porta ao sair do quarto.

  Todos corremos pela casa para arrumar tudo a tempo da família chegar.

  É tradição de família todo mundo vir jantar aqui no primeiro dia do ano.As vezes me sinto mal por recusar os convites da minha avó materna de ir algum dia no almoço de família da parte da minha mãe.

  Fui apenas uma vez quando era pequena com o tio Daniel,mas então ele se desentendeu com alguém e achou melhor irmos embora para causar brigas desnecessárias.

  -Você está cada dia mais linda-diz a vó Lucille quando vou recebe-la na porta.

  Assim que o tio Louie chega,vamos para a mesa externa.

  Tio Daniel resolveu mudar um pouco a tradição.Ao invés de fazer um almoço totalmente caseiro e tradicional,ele preferiu fazer um churrasco.Já que a tia Amanda teve que resolver umas coisas na concessionária,apesar de ser feriado,não deu tempo para fazer quase nada além da sobremesa e alguns acompanhamentos.
 
  Me sento na mesa e percebo o c eu nublado,não está o tempo certo para um churrasco.Parece que vai começar a chover a qualquer momento.

  Eu e a Samantha nos sentamos uma do lado da outra e começamos a nos servir.

  Tia Amanda coloca salada de macarrão no meu prato e no da Sam.

  -Salada de macarrão,Lucille?-oferece a tia Amanda.

  Samantha parece abalada.

  -Não,obrigada-diz a vó com uma expressão de nojo-eu não como essas coisas industrializadas,esse coisas prontas que vendem no mercado.Argh!-ela arqueja,com nojo.

  -Eu teria feito se tivesse chegado mais cedo da concessionária-disse a tia Amanda se sentando para comer.

  -Ah,relaxa,tá tudo bem,eu entendo-disse a vovó-é difícil ser uma mãe trabalhadora.

  O tio Daniel coloca as salsichas na mesa.

  -Pelo menos você tem um parceiro,Amanda.Lembra quando eu chegava do trabalho e tinha que fazer o jantar do zero?-pergunta ela para o tio Daniel.

  -Lembro mamãe,é claro-disse o tio Daniel dando um sorriso constrangido para a tia Amanda.

  As vezes acho que a vó Lucille faz isso só para provocar.

  -Se eu devo falar com o Miguel-sussurro para a Sam-você deveria falar com o Robby.

  -Vamos ver.

  Durante a sobremesa,a tia Amanda recebe uma ligação.E ao voltar para a mesa,parece furiosa.

  -Acabei de receber uma ligação da concessionária.A Sheila disse que tem uns caras estranhos procurando o Louie...

  Paro de prestar atenção por algo na mesa me fazer lembrar do Miguel.

  Será que ele vai ficar feliz de me ver?Não posso deixar que as aulas voltem sem ter me acertado com ele.Se as aulas voltarem isso tudo vai ser como se fosse um sonho.Mas não era isso que eu queria desde de o começo?

 
  Mais tarde entro no carro decidida.Ao virar a chave na ignição repito para mim mesma seja corajosa,seja corajosa,seja corajosa...

  O maximo que pode acontecer é que ele me expulse da casa dele.

  Viro a chave mais de uma vez mas o carro não liga.Começo a entrar em pânico.Preciso ir logo...

  Então vejo a bicicleta do Anthony encostada na porta.

  Acho que poderia pedir o carro do tio Daniel emprestado,ou então pedir carona,ou apenas ir caminhando.Mas sinto que se não for como aquelas cenas de filme que a protagonista corre para conseguir chegar no aeroporto antes do namorado pegar um avião que vai separa-los para sempre,vou perder a coragem.

  Não quero perder a coragem,não agora.Quero ser corajosa,tenho que ser corajosa.

  O clima esfria mais.Ah,droga.Vai começar a chover.

  Pulo fora da bicicleta assim que entro no condomínio.

  -Oi-diz o senhor Lawrence que saia do seu carro no exato momento que eu cheguei-sei porque está aqui.Boa sorte.

  -Valeu!

  Dou três batidas na porta.

  Escuto passos vindo de lá de dentro e começo a me preparar.A mãe do Miguel  vai atender e eu vou pedir para falar com ele...

  Assim que a porta abre,a ficha cai e meu coração martela no meu peito.

  Não foi a dona Carmem que atendeu,foi o próprio Miguel.Isso não está saindo como eu planejei...vai ser um desastre.

 

Para Todos Os Garotos que Já Amei-versão Cobra Kai(Miguel Díaz) Onde histórias criam vida. Descubra agora