𝙊 𝘾𝙀𝙊 𝙑𝙄𝙐𝙑𝙊 𝙀 𝘼 𝘽𝘼𝘽𝘼

EP 10

— Deixe a menina sair debaixo das suas asas.

— Se algo acontecer com ela, a culpa será sua.

— Eu saí do interior quando tinha menos idade do que ela, vim parar em Belo Horizonte com uma mão na frente e outra atrás. Às vezes, tomamos algumas porradas que fazem com que fiquemos mais fortes.

— Se algo acontecer com ela a culpa vai ser sua — repetiu. Emburrada, minha mãe levantou da cama e foi embora.

Meu pai apenas piscou para mim e saiu do meu quarto atrás da esposa.

Desci para a cozinha e lavei as mãos para preparar novos doces e vender no dia seguinte.

VICTOR

Ouvi um som oco que reverberou por toda a mansão. Estava no telefone conversando com um gerente que estava enfrentado um problema em uma das filiais da minha locadora e não pensei duas vezes em desligar antes de correr para o quarto do meu filho.

Cheguei à porta com o coração disparado. Olhei para o berço e vi que ele dormia calmamente. Vasculhei por todo o quarto, olhei cada móvel e percebi que todos os objetos estavam no local que costumavam ocupar.

Respirei aliviado, pois o barulho tinha vindo de outro local e não havia motivos para me preocupar. Mais calmo, tomei o caminho de volta para o corredor. Contudo, meu alívio durou apenas um punhado de segundos, pois a luz do quarto de Vitória estava acesa e percebi sua mão para fora da porta e ela caída no chão.

— Vitória! — Ajoelhei ao lado do seu corpo caído.

Peguei o meu celular e liguei para a emergência enquanto velava a minha governanta. Foram minutos de uma agonia interminável até que uma ambulância chegasse para levá-la ao hospital.