B: Vamos entrar, Michael. — Estendi a mão para o menino.
M: Passain.
B: Ele foi embora e está na hora de você almoçar.
M: Qué passain. — Fez bico.
B: Amanhã nós voltamos. Pode ser que ele esteja aqui. — Agitei a mão e, a contragosto, Michael a segurou.
Seguimos para o interior da mansão, enquanto eu não conseguia parar de pensar no pai dele.
VICTOR
Deixei a Alliance Cars após um longo dia de reuniões com os responsáveis das filiais europeias. A equipe de marketing havia definido novas estratégias que precisaríamos implantar ao longo do próximo mês.
Graças à chegada da Bárbara, eu havia voltado a me empolgar com os negócios e a me esforçar para que a minha empresa estivesse no seu melhor momento possível.
Estacionei meu carro na garagem da Sky House e caminhei rumo a entrada, indo direto até o quarto do meu filho. Havia chegado um pouco mais cedo e encontrei a Bárbara sentada com ele na poltrona enquanto o Michael apontava para os desenhos em um livro.
M: Chapel... chapeueilo...
B: Sim, Mick! Esse é o chapeleiro maluco.
V: Está lendo para ele Alice no País das Maravilhas? — Escorei na parede com os braços cruzados.
B: Ou tentando. Está muito mais interessado nas ilustrações do livro. Ele nem dormiu essa tarde de tão interessado que ficou nas figuras. Tentei fazê-lo dormir, mas o Michael não parava de apontar para o livro.
V: Ao menos ele vai dormir à noite inteira.
B: É o que esperamos. — Fechou o livro e deu um beijo no topo da cabeça do meu filho.
M: Chapeueilo... — Ele espremeu os lábios e tentou chorar, mas parou quando cruzei meu olhar com o seu, mantendo uma postura ameaçadora.
V: A Bárbara precisa ir para a faculdade agora. — Aproximei-me para pegar o meu filho do colo dela.
M: Bi!
B: Eu não posso ficar, Mick. Mas vou voltar logo. Amanhã continuamos lendo o livro. Vai com o papai.
A contragosto, Michael veio para o meu colo e deixou que a babá se levantasse.
Um calafrio me percorreu quando nossos braços se tocaram. Ele foi seguido de um calor e os olhos castanhos dela atraíram os meus. Senti uma vontade enorme de beijá-la e o teria feito se o Michael não estivesse entre nós.
B: Preciso ir. — Colocou uma mecha do cabelo castanho atrás da orelha.
V: Boa aula.
B: Obrigada.
Era muito estranho ter que viver com dois impulsos tão distintos.
M: Papai! — Michael puxou minha gravata e percebi que estava olhando para o corredor vazio.
V: Oi, meu filho?
M: Chapeueilo.
V: Quer que eu continue lendo para você?
M: Qué.
V: Tudo bem. — Acomodei-o no meu colo e abri o livro, prosseguindo com a história:
“— Chapeleiro, você me acha louca? — perguntou Alice.
— Louca, louquinha! Mas vou te contar um segredo: as melhores pessoas são.”
Meu filho poderia ser pequeno demais para compreender o conteúdo daquele simples diálogo, porém para mim serviu como uma alfinetada. Eu precisava ser um pouco mais louco. Estava contendo demais os meus impulsos.

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𝙊 𝘾𝙀𝙊 𝙑𝙄𝙐𝙑𝙊 𝙀 𝘼 𝘽𝘼𝘽𝘼
Roman d'amour➪ 𝐎 𝐂𝐄𝐎 𝐕𝐈𝐔𝐕𝐎 𝐄 𝐀 𝐁𝐀𝐁𝐀 𝐕𝐈𝐑𝐆𝐄𝐌 ✍︎ • 𝑏𝑎𝑏𝑖𝑐𝑡𝑜𝑟 𝑓𝑎𝑛𝑓𝑖𝑐𝑡𝑖𝑜𝑛 +18 || 𝙑𝙞𝙘𝙩𝙤𝙧 𝙚́ 𝙪𝙢 𝙝𝙤𝙢𝙚𝙢 𝙫𝙞𝙪𝙫𝙤 𝙦𝙪𝙚 𝙖𝙘𝙖𝙗𝙖 𝙨𝙚 𝙚𝙣𝙫𝙤𝙡𝙫𝙚𝙣𝙙𝙤 𝙢𝙖𝙞𝙨 𝙙𝙤 𝙦𝙪𝙚 𝙙𝙚𝙫𝙚𝙧𝙞𝙖 𝙘𝙤𝙢 𝙖 𝙗𝙖𝙗𝙖́ 𝙙𝙚...