EP 49

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Maratona 04/10

V: No Sky Garden. Já ouviu falar?

B: Sim! Dizem que é lindo.

V: Realmente é.

B: Achei que precisássemos reservar semanas antes.

V: É inverno, há menos turistas do que durante o verão, e, além disso, eu fiz algumas ligações e consegui uma reserva para nós. O dono do restaurante aonde vamos é um sheik do oriente médio, que sempre aluga carros na minha locadora quando vem para cá com a família.

B:  Que legal!

V: Sim. Posso levá-la para conhecer a Alliance um dia desses, se você quiser.

B: Eu adoraria.

Victor parou o carro em uma vaga no estacionamento coberto do prédio, saímos do carro e nos dirigimos até a entrada.

Victor falou algo com a atendente, que eu não prestei muita atenção, e mostrou seu celular. Ela sorriu para ele, mexendo no cabelo, enquanto eu observava de longe com o Michael no colo. As mulheres poderiam até não dizer para o Victor o quanto ele era bonito, porém não faziam qualquer esforço para esconder o mole que davam para ele. Não deveria estar com ciúmes, pois, provavelmente, agia da mesma forma estando ao seu lado e nem percebia, porém aquele era o nosso encontro.

B: Vem, Bárbara! — Victor fez um gesto para que eu me aproximasse e colocou a mão no centro das minhas costas antes de dar um beijo no topo da cabeça do filho.

O sorriso da recepcionista, que eu observava com o rabo de olho, se transformou em uma careta.

Seguimos até o elevador e subimos ao trigésimo quinto andar. Dentro do elevador havia uma tela falando sobre o Sky Garden, a vista, as plantas e os restaurantes.

Quando as portas de metal se abriram, eu não consegui conter um sonoro uau. Michael foi surpreendido pela minha reação e olhou de um lado para o outro, tentando identificar o local onde estávamos.
O céu parecia mais perto do que nunca e o ambiente, cercado de muita vegetação plantada em canteiros, fazia jus ao nome.

B: Posso! — Apontei para a lateral, onde estava contendo a vontade de me aproximar.

V: Sim, vai lá! — Ele assentiu, estendendo os braços para que o filho fosse para o seu colo.

Estava completamente encantada pela vista.

VICTOR

Meu filho olhava para tudo e escondia o rosto no meu peito logo em seguida, parecia curioso e, ao mesmo, assustado diante da aglomeração de pessoas. Já Bárbara, estava completamente encantada pelo lugar e deixava isso transparecer no seu olhar.

V: Gostou?

B: É um dos lugares mais bonitos em que já estive.

V: Que bom que gostou.

B: Nossa! Dá para ver a cidade toda daqui.

V: Ao menos os monumentos mais conhecidos.

B: É tão incrível.

V: Sim. — Afaguei o rosto dela com as costas da minha mão e Júlia soltou um suspiro sutil. — O que acha de subirmos para o restaurante e almoçarmos agora? De lá também terá uma ótima vista.

B: Vamos.

Ao entrarmos, fomos recepcionados e direcionados a uma mesa para quatro. Puxei a cadeira para ela e acomodei o Michael ao meu lado.

A garçonete nos cumprimentou com um largo sorriso ao entregar nossos cardápios.
V: Bárbara, o que quer comer? — chamei-a, quando percebi que estava distraída demais.

B: Ah, desculpa. — Suas bochechas coraram, deixando-a ainda mais charmosa aos meus olhos.

V: Não se preocupa.

B: Eu só estava distraída com a vista — Começou a olhar o cardápio.

V: Eu sei. — Sorri para ela e Bárbara me sorriu de volta.

B: Quero uma salada caesar de entrada e peixe com batatas fritas de prato principal.

V: Pode trazer o mesmo para mim. — Fechei o cardápio e entreguei para a garçonete que aguardava ao lado da nossa mesa.

Garçonete: O que irão beber?

V: Pode ser um suco de limão para ambos.

Garçonete: Obrigada, senhor. — Ela assentiu e afastou-se.

Michael puxou o guardanapo da mesa, mas antes que fizesse alguma bagunça, Bárbara o interrompeu e evitou que derrubasse algo.

B: Mick, não pode.

Ele fez bico e imaginei que fosse chorar, mas logo que olhou para ela, meu filho sorriu. Ao que parecia, Bárbara não encantava apenas a mim.

Logo a garçonete voltou com nossas saladas de entrada e Bárbara pegou o Michael no colo, para que pudesse dar a ele um pouco da sua comida. Eu tinha muito receio com a chegada dela, porém ela era muito boa para cuidar dele.

B: Parece que o Michael vai gostar de salada. — Colocou um pedaço de alface na boca dele.

V: Isso é muito bom.

B: Acho que sim. — Comi enquanto observava os dois. — Posso perguntar sobre você? — Percebi que ela estava receosa ao falar.

V: O que quer saber? — Beberiquei o suco, tentando não parecer arredio demais.

B: Coisas que você gosta de fazer, mais sobre sua vida, seus pais...

V: Meus pais morreram em um acidente de carro há mais de sete anos.

B: Eu sinto muito.

V: O tempo vai tornando mais tolerável.

B: Isso não significa que não seja triste.

V: A vida é cheia de fatos tristes.

B: Mas ela não precisa ser feita apenas deles.

V: Você é muito otimista, Bárbara.

B: Se olharmos com cuidado, sempre teremos um motivo para sermos felizes. Não é, Michael? — Ela fez careta para o meu filho que riu com a interação.

V: E quando os motivos para ficar triste são muitos?

B: Nós damos um jeito de nos cercar do que nos faz bem para virar essa balança.

V: Quando você fala, parece ser tão fácil. — Bufei, amargurado.

B: Às vezes pode ser mais simples do que você imagina.

V: Pode ser para você, que nunca perdeu nada.

Ela engoliu em seco, parou de falar, mas manteve o sorriso. Bárbara não merecia a resposta grosseira que eu lhe dei, mas era difícil agir amavelmente quando ela tocava na minha ferida.

B: Eu sou filha única e meus pais têm um açougue desde que me entendo por gente. Não cresci em uma mansão, mas tive uma vida boa.

V: Isso é bom. — Tentei espantar a carranca que havia tomado conta da minha expressão e voltar a ser mais receptivo.

Não queria começar a pensar que sair com ela havia sido uma péssima ideia. Sendo que, no fundo, o único culpado por qualquer insucesso era eu mesmo.

𝙊 𝘾𝙀𝙊 𝙑𝙄𝙐𝙑𝙊 𝙀 𝘼 𝘽𝘼𝘽𝘼Onde histórias criam vida. Descubra agora