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EP 28

— Se o senhor permitir, eu vou almoçar agora, mas permanecerei de olho no bebê. — Levantou o dispositivo para ter certeza de que eu o havia visto.

— Pode ir almoçar, senhorita Passos.

— Obrigada. É Bárbara!

— Hã? — Franzi o cenho.

— Meu nome é Bárbara. Pode me chamar só de Bárbara.

A olhei de esgueira. Não compreendi o motivo de estar me dando aquela liberdade, já que nós nos conhecíamos há apenas algumas horas.

— Vá almoçar, senhorita Passos! — Fui incisivo na minha fala e ela deu alguns passos cambaleantes para fora do quarto do meu filho antes de desaparecer no corredor.

Olhei para o meu filho. Ele dormia bem e calmamente. Era tudo o que me importava.

BÁRBARA

Saí do quarto do bebê com o coração disparado. Levou um tempo para que eu entendesse o que havia feito de errado. No Brasil, era comum que as pessoas se chamassem pelo primeiro nome. Raramente usávamos nossos sobrenomes.

— O que foi, senhorita? Parece que viu um fantasma.

— Não foi nada.

— O menino já dormiu?

Fiz que sim.

— Vai almoçar agora?

— Vou sim, obrigada.

Ela apontou para uma mesa que ficava num canto da cozinha onde havia um prato servido com um copo de suco de laranja.

Acomodei o visor da babá eletrônica que me permitia ver o menino no berço. Enquanto Michael dormia calmamente, podia ver a sombra que seu pai fazia sobre ele.