EP 22

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— Sim, acabei de acomodá-la em um dos quartos do terceiro andar.

— Estou ocupado agora. — Olhei para o meu filho e para o computador, diversas vezes, receoso em colocar o Michael nas mãos de uma desconhecida.

— Quer que eu leve o menino para ela? — Estendeu as mãos na expectativa de que eu me afastasse do Michael.

— Não.

— A senhora Robinson me pediu para dizer que, se o senhor se recusar a deixá-lo ir comigo, ela vai subir para pegar o menino.

— Pode dizer para ela que já estou indo.

— Okay! — Ela assentiu e fechou a porta.

Olhei para o Michael e ele estava puxando a minha gravata. Não era fácil para mim me afastar dele, meu filho era tudo de mais importante que eu tinha. Confiava no julgamento de Vitória, ela sempre havia cuidado bem de mim e da casa, porém não conseguia pensar em deixar o meu filho aos cuidados de uma mulher que eu nunca tinha visto.

Abaixei a tampa do computador e o acomodei no meu colo antes de descermos até a sala onde Vitória provavelmente estaria nos esperando.

Virei na sala e foi quando a vi. No momento, achei que pudesse ser uma garota mal saída da escola. Ela tinha traços jovens, cabelos e olhos castanhos. Olhava tudo e em todas as direções com um ar de curiosidade quase infantil. Contudo, seu olhar congelou em mim quando me fitou entrando na sala com o meu filho nos braços.

Encarava-me tão profundamente que parecia ser capaz de enxergar a minha alma. Por fim, fui eu quem acabou virando o rosto. Não queria que ninguém visse quanta dor e mágoa eu escondia sob a capa de força com a qual me vestia todas as manhãs.

— Senhor Augusto, essa é a senhorita Passos — apresentou Vitória, apontando para a garota. — Ela é brasileira e passará seis meses conosco.

𝙊 𝘾𝙀𝙊 𝙑𝙄𝙐𝙑𝙊 𝙀 𝘼 𝘽𝘼𝘽𝘼Onde histórias criam vida. Descubra agora