EP 65

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M: Lobo mau.

B: O que tem o lobo mau?

M: Poquinho.

B:  O lobo mau da história dos porquinhos?

M: Qué poquinho.

B: Então você quer ouvir a história do lobo mau e os três porquinhos?

M: Qué. — Balançou a cabeça. Ele estava agitado. Era um garotinho muito esperto para ir atrás de mim no escuro através daquela casa enorme.

V: Agora não é hora de historinha, é hora de dormir.

M: Qué Bi!

V: Não vai dormir com a Bárbara, filho. — Victor o recriminou. — Por que não vem dormir comigo? — Estendeu as mãos para o filho, esperando que ele voltasse para o seu colo.

M: Com Bi. — Abraçou-me ainda mais apertado.

B: Deixa ele dormir comigo, Victor. Só por essa noite. Ele está agitado. Quem sabe não consigo acalmá-lo?

V: Não está no seu horário de trabalho. — Fechou a cara.

B: Pouco me importa, só quero que ele fique bem.

V: Okay! — Não pareceu tão satisfeito, mas acabou consentido.

M: Papai, vem?

B: Acho que não cabem vocês dois na minha cama, Mick. — Ele voltou a esconder o rostinho no meu ombro.

V: Tem que tomar cuidado com as histórias que conta para o meu filho. Ele deve ter tido um pesadelo com esse lobo mau.

B: É só uma história, e ele adora essa. Poderia ter sonhado com outra coisa qualquer.

Victor olhou-me de esgueira, mas ignorei a sua cara fechada.

B: Vamos dormir, Mick.

M: E papai?

B: Seu pai já é crescido, pode lidar com o lobo mau sozinho.

Victor balançou a cabeça em negativa, mas acabou sorrindo, o que desfez sua expressão séria.

V: Vamos dormir na minha cama.

Fiquei surpresa com o convite dele e não soube como responder de imediato. Era evidente que o Victor evitava estar comigo no quarto dele. Imaginei que houvesse muitas lembranças lá com a ex-esposa que ele tentava evitar. Era um espaço que eu nunca iria invadir se ele não estivesse confortável com isso.

B: Tem certeza?

V: Tenho. — Ele acariciou o filho, que me abraçou com mais força.

B: Okay!

Nós saímos do quarto do Michael e seguimos para o do Victor. Fui a primeira a deitar na cama e Michael permaneceu agarradinho a mim como um filhote de macaco. Confesso que gostava de tê-lo tão perto. Independente da relação ainda confusa e sem rótulos que eu tinha com o pai dele, amava aquele garotinho. Adorava cada momento ao lado dele e me fazia feliz saber que era importante na sua vida.

Acariciei sua cabecinha e beijei-o na testa. Michael fechou os olhos e relaxou. Imagino que tenha levado poucos segundos para que ele pegasse no sono.

Victor se deitou atrás de mim e voltou a me envolver em uma conchinha. Michael podia estar com medo, mas naquela noite fui eu que me senti protegida.

V: Dormiu? — Victor perguntou com a boca na minha orelha. Meu corpo se arrepiou inteiro e me encolhi por reflexo.

B: Sim. — A respiração do Michael era profunda e ele parecia em um sono pesado.

Senti a mãos do Victor percorrerem a minha cintura sob o cobertor que envolvia nós três.

V: Você tem que parar de contar histórias que podem assustá-lo.

B: Foi só uma historinha boba que ele já ouviu várias vezes. E nem temos certeza se teve um pesadelo mesmo, você quem está deduzindo isso.

V: Quantos filhos já teve?

B: Estou aprendendo com o seu, mas estudei bastante antes de vir cuidar dele.

V: Você é corajosa.

B: Não tanto quanto você imagina.

V: Acho que já me provou isso. — Ele puxou a minha cintura para trás e me encodou, voltando a posição que estávamos antes que o filho dele nos acordasse.

B: Isso é bom! — Victor provavelmente deve ter imaginado que eu estava me referindo ao seu comentário, mas estava desfrutando da sensação de dormir com pai e filho. Aquele era um momento que eu guardaria para sempre comigo.

VICTOR

Acordei com os raios do sol invadindo o quarto como de costume, mas o meu braço estava dormente e, quando abri os olhos, vi a Bárbara deitada em cima dele com o meu filho ainda agarrado a ela.

Estávamos os três na minha cama. A cama que Vitória havia comprado depois da morte da Tainá, esperando substituir a antiga e levar com ela parte das lembranças.

Eu não tinha transado com a Bárbara naquela cama, havíamos apenas dormido, mas o peso que sentia era o mesmo.

Eu podia ter a Bárbara sem manchar a imagem da Tainá? Estava começando a acreditar que sim.

Bárbara se moveu na cama, abriu os olhos, virou a cabeça e me encontrou encarando-a.

B: Você não dormiu?

V: Dormi, sim. Acabei de acordar.

B: Hoje ainda é domingo?

V: Sim. — Por impulso dei um selinho nela e Bárbara sorriu.

B: Então ficarei aqui um pouco mais. — Voltou a envolver o Michael e fechou os olhos novamente.

Também me permiti dormir mais um pouco. Fui envolvido por uma bolha onde reinou uma estranha felicidade, um sentimento que achei não possuir mais.

.....

M: Papai! — Michael puxou meu braço que envolvia a ele e a Bárbara, acordando-me novamente.

V: O que foi, filho?

M: Lobo foi embó.

V: Foi?

M: Foi.

B: Que bom, Mick. — Bárbara deu um beijo na testa dele e o garoto se recostou nela, todo manhoso.

Ele se moveu na cama e subiu sobre nós dois, abraçando o meu pescoço e o da Bárbara

M: Feliz! — Riu e continuou nos abraçando.

Bárbara não disse nada, apenas retribuiu o abraço dele, afagando as suas costas.

M: Fome. — Michael saiu de cima de nós e rolou até descer da cama.

B: Acho que vamos precisar de proteções nas escadas. — Bárbara saiu da cama e o segurou antes que meu filho se aproximasse da maçaneta.

V: Vou pedir para instalar portinhas. Ele cresceu tão rápido.

B: Sim. — Bárbara o pegou no colo e Michael voltou a abraçá-la.

V: Acho que essa é a parte mais divertida.

M: Fome, papai!

B: Vamos descer com a Babi, que eu vou fazer a sua mamadeira.

Michael acenou para mim enquanto ia com a Bárbara para o corredor. Saltei da cama e vesti algo além da minha cueca antes de ir atrás deles rumo a sala de jantar.

Estava feliz e queria que tudo continuasse daquele jeito, mas o destino gostava de me dar rasteiras.

Boa noiteee

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