EP 56

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BÁRBARA

Acomodei-me na cadeira e senti uma leve ardência no meu sexo que me fez sorrir. Eu não era mais virgem e a minha noite com Victor havia sido melhor do que eu imaginava. Ele fora gentil, cuidadoso, mas também um leão.

C: Oi?

B: Hum?

C: Babi?

B: Ah, oi, Carol! Como você está?

C: Estou bem. Apesar de ter discutido com minha família anfitriã hoje.

B: Por quê?

C: Coisas de costumes. Tenho alguns hábitos muito diferentes de vocês ocidentais.

B: Eu imagino que sim.

C: E você, como está? Parecia distraída.

B: Estou bem. Dolorida, mas bem.

C: Aconteceu algo?

B: Eu transei com ele.

C: Seu anfitrião?

B: É! — Mordi os lábios, completamente sem jeito.

C: Nossa! E foi bom?

B: Foi. Doloroso no início, mas foi bom.

C: Ele deve ter sido bem selvagem para que você sentisse dor.

B: Acho que foi porque eu era virgem, muitos dizem que a primeira vez dói.

C: Ah, então sim.

B: Estou feliz.

C: Só espero que não fique um clima estranho entre vocês, porque ainda falta um bom tempo para o semestre acabar.

B: Vamos aprender a lidar com isso.

C: Não conheço bem os homens ocidentais, mas pelo pouco que aprendi sobre eles, parece que é bem fácil eles deixarem para lá. Tudo é só sexo.

B: Os homens orientais são muito diferentes?

C: Hoje o mundo é globalizado.

VICTOR

Estava sentado no meu quarto, olhando para a página aberta de um livro, quando ouvi ela chegar. Por mais que seus passos fossem curtos e silenciosos, eles se destacavam no silêncio quase sepulcral que tomava a madrugada da mansão.

Minha vontade era de fechar o livro e interceptá-la no caminho para o seu quarto.

Fechei o livro com força, fazendo com que um estrondo oco ecoasse por todo o meu quarto. Levantei da poltrona, peguei meu casaco, a babá eletrônica e passei no quarto do meu filho, certificando-me de que ele dormia calmamente, antes de sair da mansão.

Dirigi, sob um céu escuro e sem estrelas, até um cemitério próximo que guardava o jazigo da família a séculos e onde a minha falecida esposa estava enterrada.

Parei o carro diante da entrada, que estava fechada, e segui até a guarita, onde encontrei um vigia noturno.

Vigia: Senhor, estamos fechados.

V: Eu só quero ver o túmulo da minha esposa, por favor.

Vigia: Volte amanhã.

V: Eu preciso vê-la. — Funguei. — Ela morreu de câncer há pouco mais de um ano e, desde então, eu não sou mais o mesmo homem.

Vigia: Eu sinto muito, mas aqui está cheio de pessoas que foram queridas para alguém. Se eu quebrar as regras para um...

V: Por favor — interrompi —, prometo que não irei demorar.

Vigia: Eu não...

V: Por favor.

Vigia: Você tem só meia hora.

Caminhei pela estrada feita de pedras até o jazigo onde meus pais e a minha esposa estavam enterrados. Estava escuro demais e as poucas luzes espalhadas não eram o suficiente para dar detalhes aos túmulos.

V: Oi, Tainá! — Apoiei as duas mãos sobre o mármore negro que cobria o túmulo. — Nosso filho está crescendo, e é tão inteligente quanto você. Imagino que ele vá me deixar louco quando estiver um pouco maior. Talvez seja porque eu sou superprotetor demais, palavras da Vitória e não minhas.

Continuei encarando o túmulo por alguns minutos, mas nada aconteceu, nem um som assustador que me deixasse arrepiado.

V: Eu transei com outra pessoa. Sei que pareço um canalha contando isso para você, porque é exatamente como eu estou me sentindo. Esse até que a morte nos separe é complicado, pois apesar de você não estar mais aqui, ainda sinto um monte de obrigações como quando estávamos juntos. Acho que ao nos casarmos, não planejamos nada que nos oriente como será a vida quando nos tornarmos viúvos, porque a gente espera que vai envelhecer junto, ou espera que vai partir primeiro. Mas aí, aparece uma doença louca e dá uma rasteira para qual não estamos preparados. Eu juro que até pensei que conseguiria levar a minha vida sem me envolver com mais ninguém. Até tinha me esquecido do quanto o sexo é bom, mas ela apareceu e bagunçou absolutamente tudo. — Comecei a rir sozinho. Parecia ter ficado louco ao conversar com um túmulo. — Sei que pareço um canalha. O pior é que todo mundo, inclusive a Vitória, diz que eu preciso seguir em frente. Então me explica por que a minha consciência pesa tanto?

Vigia: Senhor?

Tomei um susto e me virei, dando de cara com o vigia do cemitério.

V: Oi! — Meti as mãos no bolso e abaixei a cabeça, incomodado.

Vigia: Não sei que respostas está buscando, mas não irá consegui-las aqui. No entanto, se aceita o meu conselho, os mortos já estão mortos, apenas os vivos podem julgar.

V: Obrigado. — Passei por ele e segui para o portão.

Esperava me redimir com a Tainá por ter transado com a Bárbara, mas parecia que eu não iria encontrar a minha redenção ali.

BÁRBARA

Acordei pela manhã e não vi o Victor, assim como não me encontrara com ele na noite anterior antes de ir para a faculdade, e a senhora Taylor havia ficado tomando conta do Michael para que eu não me atrasasse para a universidade. Tive a sensação de que ele estava fugindo de mim, mas ele havia ido tarde para a empresa e poderia ser um simples desencontro. Ou Carol estava certa e os homens era ótimos em fingir que nada havia acontecido.

M: Bi! Bi! — Michael puxou a minha camiseta até que eu prestasse atenção nele. — Não é zu.

Ele me mostrou um bonequinho alienígena.

B: Não, esse não é azul, é verde.

M: Vedi.

B: Isso, verde.

M: Zu não vedi.

B: Azul não é verde.

M: Tendi.

B: Isso, menino esperto.

V: Por que ele é esperto? — Victor apareceu na porta do quarto e meu coração parou de bater. Tentei fingir que a presença dele não causava qualquer efeito em mim, mas eu tinha as minhas dúvidas se havia conseguido.

B: Ele acabou de descobrir que azul não é verde.

M: Num é! — Michael balançou cabeça em negativa, fazendo o pai rir.

V: Não é não, filho?

M: Não. Diferenti.

V: Que esperto, você. — Victor entrou no quarto e pegou o filho no colo.

O menino balançou a cabeça em afirmativa e abraçou o pescoço do pai.

V: Não está atrasada para a sua aula, Bárbara?

Oiiii boa tarde 🍃🌤️

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