EP 8

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BÁRBARA

— Boa tarde! — Bati no portão da casa, esperando que me atendessem, enquanto equilibrava uma bandeja com doces e cupcakes na outra mão e numa sacola levava panos de prato, que havia bordado com ajuda da minha mãe.

Dei um passo para trás quando ouvi o som do portão sendo aberto e encarei a mulher com um largo sorriso.

— Olá, senhora! Estou passando pela vizinhança para vender doces e panos de prato, que eu mesma fiz. Eu consegui uma oportunidade de intercâmbio na Inglaterra, mas não tenho dinheiro para comprar as passagens e nem me manter lá até encontrar um emprego. Os doces são deliciosos e os panos ficaram muito bonitos. Seria muito grata se pudesse comprar alguma coisa. Se a senhora também não puder, eu agradeço muito o seu tempo.

— Quais modelos de pano de prato você tem aí?

— Esses. — Voltei a equilibrar a bandeja para entregar a ela. — Tem vários nessa sacola. Eles custam dez reais cada um, ou a senhora pode ficar com dez por oitenta.

— Ficaram muito bonitos. Foi você que fez?

— Sim.

— Meus parabéns.

— Muito obrigada!

— Vou escolher dez e buscar a minha carteira.

— Obrigada! A senhora me ajudou muito. — Mantive o meu sorriso, me contendo para não dar saltos sem sair do lugar.

Naquela tarde, voltei para casa com todos os panos de prato vendidos e com apenas um doce na bandeja, que comi para comemorar o bom dia.
Sentei na cama e virei sobre o colchão o dinheiro, que estava parcialmente embolado dentro de uma bolsinha. Contei as notas e todas as moedas, ficando ainda mais satisfeita com o resultado do meu dia.

— Conseguiu vender alguma coisa? — Minha mãe apareceu na porta e me observou contando o dinheiro.

— Eu vendi tudo!

— Nossa! — Arregalou os olhos, surpresa.

— Eu já tenho quinhentos reais. Se conseguir o mesmo resultado por uns vinte dias, até o dia final para a inscrição, daqui há dois meses, eu vou conseguir pagar a minha viagem.

— Desses quinhentos reais, você precisa tirar uma quantidade para comprar os materiais e fazer uma nova remessa.

— Já tirei. Esse é o meu lucro líquido.

— Não é uma viagem para o Rio de Janeiro, ou Rio Grande do Sul. Estamos falando de um outro país, do outro lado do mundo. Você não pode viajar assim com a cara e a coragem.

— Você tinha dito que o problema era o dinheiro. Estou dando um jeito nisso. Vou ter o dinheiro para viajar e me manter lá por um tempo até conseguir um emprego.

— Bárbara, o dinheiro é apenas um dos problemas. Sabe como eu vou ficar preocupada com você tão longe de mim? Se algo acontecer eu não poderei socorrê-la. Isso é terrível, filha.

— Vou ficar bem, mãe. — Juntei o dinheiro e o guardei de volta na bolsinha. Iria depositar na minha poupança no banco e deixar lá até o momento de comprar as minhas passagens. — Já tenho vinte anos, posso cuidar de mim mesma.

— Você quer morar por seis meses em outro país, Bárbara. Lá as pessoas falam outra língua, tem outros costumes.

— Sim, é por isso que é incrível! Eu vou aprender coisas que nunca aprenderia continuando aqui.

𝙊 𝘾𝙀𝙊 𝙑𝙄𝙐𝙑𝙊 𝙀 𝘼 𝘽𝘼𝘽𝘼Onde histórias criam vida. Descubra agora