EP 57

13.5K 758 46
                                    

B: Hoje não tenho aula.

V: Ah, não? — Ficou boquiaberto, e nem conseguiu disfarçar.

B: O professor ainda advoga em alguns casos importantes e precisou se preparar para o tribunal. Passou algumas informações para que nós estudemos também o processo e levantemos pontos a favor e contra o homem que ele está defendendo.

V: Isso é interessante.

B: Sim.

V: Michael já tomou banho?

Fiz que sim.

V: Ótimo! Então pode ir estudar.

B: Obrigada. — Passei por ele e segui para o meu quarto.

O que eu esperava que ele falasse? Vamos esperar que o Michael durma para transarmos a noite inteira?

Suspirei ao sentar na cama. Sabia que não poderia criar nenhuma expectativa, ainda assim era difícil.

Peguei o meu celular e vi algumas mensagens dos meus pais.

B: Oi, mãe — falei quando percebi que ela havia atendido a chamada.

F: Bárbara, como você está? Sumiu ontem. Menina, não pode fazer isso. O que aconteceu? Não tem ideia de quanto fico preocupada quando você some desse jeito.

B: Eu estou bem, mãe.

F: Por que não ligou?

B: Estava ocupada.

F: Tem que ter um tempo para nós também.

B: Foi só um dia, mãe.

A(Adrian): Deixa a menina estudar, Flávia.

B: Eu estou bem, mãe. Não há com o que se preocupar. Só estou estudando e cuidando do Michael

F: Não está precisando de nada? Lembre-se de comer direito.

B: Estou me alimentando bem.

F: Que bom.

B: Agora preciso estudar, mamãe.

F: Tudo bem, mas não esquece de ligar.

B: Não vou esquecer. Amo vocês.

F e A: Também amamos você.

Desliguei antes que ela prolongasse a conversa. Naquele dia eu queria estudar e ficar na minha. Precisaria de um pouco mais de tempo para aceitar que havia sido só sexo.

Abri os textos no celular e li dois antes de me levantar e ir ao banheiro tomar banho. Peguei roupas limpas, creme e segui até o banheiro. Tomei um banho demorado, lavei o cabelo e agi como se tivesse todo o tempo do mundo. Precisava relaxar, porque minha mente estava cheia de expectativas que precisavam ser lavadas com a água.

Abri a porta do banheiro, secando o meu cabelo com uma toalha quando me deparei com ele parado no corredor, olhando para mim. As mãos estavam no bolso do moletom e o cabelo estava molhado. Eu não era a única que havia escolhido aquele dia para lavá-lo.

V: Eu sou um viúvo.

B:  Eu sei.

V: Minha esposa morreu quando o Michael mal tinha seis meses.

B: É, também sei disso.

V: Para mim é difícil.

B: Imagino que seja. Tento mesmo imaginar, mas não teria a audácia de dizer que acho que sei como é.

V: Dói todos os dias, principalmente porque eu não sei como levar a minha vida depois do que aconteceu.

B: Acho que com o tempo você vai descobrir.

V: Às vezes parece que sim, em outras, me vejo completamente perdido.

B: Queria poder ajudar.

V: Às vezes, sinto que pode, sim, me ajudar. Em outros parece que você me confunde ainda mais, me afasta do caminho que deveria estar seguindo.

B: Sinto muito por isso.

V: Não deve sentir, a culpa não é sua.

B: Mas parece que é.

V: Estou confuso e devo estar confundindo você também.

B: Um pouco...

V: Lamento por isso.

B: Já sou grandinha. Eu vou sobreviver.

V: Não quero ser um canalha brincando com você.

B: Então não seja.

V: Parece simples.

B: Mas é. — Dei um meio sorriso.

V: Não quando se tem o peso do mundo na consciência.

B: Você traiu sua esposa enquanto era viva, quando estava doente?

V: Não! Por que está me perguntando isso? — Mostrou os dentes, parecendo irritado.

B: Então por que tem o peso do mundo nas costas? Você foi um bom marido para ela enquanto pôde.

V: Acho que não o suficiente.

B: Por acaso tem um poder de cura especial que eu não sei?

Victor balançou a cabeça com o cenho franzido.

B: Então não tinha o que fazer.

V: Eu jurei.

B: Imagino que seja na saúde e na doença, todos os dias da sua vida...

V: Até que a morte os separe — ele completou, e percebi que lágrimas se acumulavam nos olhos dele.

Victor estava sofrendo. Parecia ser muito dolorosa a sua perda, mas eu não sabia o que fazer para ajudá-lo, a não ser agir de forma compreensiva.

V: Quando nos casamos não esperamos que essa parte aconteça.

B: Tenho certeza que não.

V: Você é linda! Juro que só queria pensar em você, no seu corpo e no quanto gostei de ter a sua bunda se mexendo no meu pau.

Tentei não ficar envergonhada diante do que ele disse, e apenas pensei no que estávamos conversando.

B: Mas não pode...

Ele balançou a cabeça em negativo.

B: Não posso culpá-lo por isso.

V: Ainda bem. — Deu um sutil sorriso amarelo.

M: Papai! — Ouvimos o Michael gritar.

B: Acho que ele acordou — comentei, sem tirar a mão do seu peito.

M: Papai!

V: É, acordou. — Victor se afastou, recuando alguns passos para trás e minha mão caiu, pendulando até parar ao lado do meu corpo.

V: Eu preciso ir.

B: Precisa.

Victor se curvou e tocou meus lábios com os seus em um doce, porém, breve, selinho. Não estava esperando por aquele beijo e senti como se a montanha-russa estivesse voltando a subir.

Fiquei parada na porta do banheiro enquanto esperava que ele se afastasse para ir cuidar do filho.

Tadinho do Victor 🙁

✨Deixem a estrelinha ✨
🌌 Comentem 🌌
Amo vcs ❤️

𝙊 𝘾𝙀𝙊 𝙑𝙄𝙐𝙑𝙊 𝙀 𝘼 𝘽𝘼𝘽𝘼Onde histórias criam vida. Descubra agora