EP 27

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Por fim, a preocupação venceu a racionalidade e deixei o escritório rumo ao quarto do meu filho. A porta estava aberta e entrei de supetão. Vi a babá de pé ao lado do berço, acariciando o rostinho dele e cantarolando uma música numa língua que eu não compreendia.

— O que está fazendo? — Cerrei os dentes quando o meu lado superprotetor venceu o racional.

Ela tomou um susto, pulando sem sair do lugar, e girou o corpo, virando-se para mim. Seus olhos castanhos estavam arregalados e sua respiração ficou descompassada.

Ela moveu os lábios grossos várias vezes, mas não emitiu nenhum som.

— O que você está fazendo? — Repeti a pergunta ao me aproximar do berço.

— Co-colocando o bebê para dormir — gaguejou.

— O que estava cantando para ele?

— Só uma música que a minha mãe cantava para mim. Se o senhor não gostar, eu não canto mais.

Parei ao lado dela e olhei para o berço. Meu filho dormia calmamente, parecia tranquilo e não havia nenhuma marca de machucado aparente. Michael certamente estava muito melhor com a presença da babá do que eu.

— Okay! — Girei o corpo para ficar diante dela.

— O quê?

— Pode continuar cantando para ele.

— Ah, obrigada! — Ela sorriu e mexeu o corpo. Nesse momento nossos braços se tocaram acidentalmente. Uma corrente fria e quente ao mesmo tempo atravessou o meu corpo, causando um desconforto seguido de um calafrio.

Não estava pronto para tal tipo de sensação ao tocar uma mulher e recuei como um animal selvagem e arisco, mostrando os dentes.

— Desculpa, fiz alguma coisa?

— Não — fui monossilábico no momento que percebi que não era culpa não era dela.

𝙊 𝘾𝙀𝙊 𝙑𝙄𝙐𝙑𝙊 𝙀 𝘼 𝘽𝘼𝘽𝘼Onde histórias criam vida. Descubra agora