257° capítulo

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Melissa.

Hoje era o meu plantão.

Eu estava tensa, Fernando resolveu me afastar do caso e por mais que eu o xingasse tanto, no final percebi que era necessário.

Tanto ele como Paula me disseram que eu estava muito nervosa e exigindo oque era impossível pra trazer Mariana de volta.

Foi aí que me dei conta de que eu realmente estava pegando pesado com a equipe.

Então eu fiquei no hospital.

Estava andando de um lado pro outro com uma das mãos sobre a minha arma na cintura. As pessoas daquele andar que estavam por perto eram familiares de pacientes ou eram médicos de plantão.

De repente ouvi um barulho mais alto daquele aparelho ligado ao coração da única testemunha que temos pra achar a casa daquela mulher.

Quando percebi que era grave os médicos vieram correndo.

- oque está acontecendo? - perguntei eufórica mas eles entregam no quarto rápido e eram muitos.

- parada cardíaca, carrega em cem. - ouvi um médico dizer e a enfermeira me barrou na porta.

E pela janela do quarto, assistindo tudo aquilo, sentia como se ele fosse uma gota, que estava indo pelo ralo nesse exato momento.

Nem mesmo os seus filhos estavam aqui.

Quando contatamos todos eles, nenhum tinha ideia de que esse cara fazia oque fazia com crianças. A ex mulher processou ele quatro vezes e nunca teve sucesso, também não sei o motivo dos processos. Já seus filhos eram crescidos e dois moram fora do país, os outros três moram aqui no Rio mas eles não mantém contato com o pai. Já tem suas vidas também.

Então oque sabemos é que ele é um cara casado mas separado pois nunca quis dar o divórcio a sua mulher, tem cinco filhos, três netos e mora sozinho em uma cobertura de luxo... Nunca para direito por lá.

E todos que frequentam aquela casa de horrores, são como fantasmas. Nunca conseguimos achar eles.

Os médicos ficaram mais calmos, como se já não tinha mais oque fazer e comecei a ficar desesperada.

Eles tiraram o tubo da boca dele e os fios que ligavam o seu peito aos aparelhos.

O médico olhou para o relógio e disse algo enquanto uma das enfermeiras escrevia na fixa.

Ele morreu.

Se foi.

Tudo que eu tinha pra achar aquela mulher acabou de ir embora.

A última gota desceu pelo ralo.

Mariana.

Eu estava acostumada a ser amarrada e a dormir no chão, passar frio e comer só um pouco por dia.

Mas nunca ficamos no total silêncio.

E eu estava sozinha, eu nunca fiquei sozinha.

Estou tento tantos pesadelos e eu nunca achei que teria. Dormir sozinha quando se está com medo é uma das piores coisas. Eu nunca senti isso.

Ontem mamãe e eu ficamos na sala após o jantar, com a tv a nossa frente desligada e ela comendo chocolate no outro sofá.

Eu tinha medo de respirar, de mover o olhar... Dela me notar de mais.

Mas ela só falava sem parar enquanto comia.

Em certos momentos eu era a Sabrina, em outros, apenas alguém não importante.

• ʙᴀʙʏ ɢɪʀʟ 2Onde histórias criam vida. Descubra agora