309° capítulo

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Melissa.

Meu salto estava me matando mas hoje tenho uma operação policial, vou colocar a farda e botas daqui a pouco.

- Melissa. - chamou e eu me virei.

- que isso? - era o meu colega, me entregou uma folha.

- possíveis endereços de tráfico. - concordei.

- eu vou dar pro Ribeiro por que hoje eu tô numa operação de abuso infantil. - concordou e eu fui lá entregar ao Ribeiro.

Recentemente recebemos algumas denúncias de abusos infantil, nada envolvendo estupro ou coisa assim graças a Deus.

Porém... São crianças sendo maltratadas. Vizinhos já viram algumas delas com hematomas e sangrando e isso já não se trata de educar, se trata de agressão.

Já fomos ao endereço uma vez e os vizinhos falaram que é uma família com pai, mãe e cinco crianças, todas elas entre 2 a 12 anos. No dia o pai das crianças estava sozinho com a esposa e os dois filhos menores e disse que tava tudo certo, que as crianças se machucam e que era "normal". As outras crianças estavam na "escola", oque era mentira.

Vizinhos dizem que eles não vão pra escola.

Porém não podíamos fazer nada naquele dia sem provas concretas ou um mandado, mas agora podemos, já providenciei isso só pelo fato da escola ter confirmado as faltas das três crianças mais velha entre as cinco delas.

Fui me vestir e finalmente tirei aquele salto e vestido. Prendi o cabelo, coloquei a farda, radinho, celulares e armas nos bolso e cintura e finalmente me sentia bem.

Na minha equipe hoje tinha Fernando e Paula, assim como mais dois colegas.

Iríamos em três carros por que se eu achasse algum tipo de prova de que aquelas crianças são maltratadas, eu vou tirar elas de lá hoje mesmo.

- pronta? - perguntei a Paula.

- desde às 6 da manhã. - sorri.

Era meio dia agora.

Paula veio mais cedo, teve outras ocorrências hoje.

Fomos pro carro em pouco tempo. Segundo vizinhos a mãe das crianças trabalhava em casa e o marido chegava ao meio dia.

Também logo depois as crianças eram pra ir pra escola já que estudam a tarde, porém tenho certeza que nenhuma criança vai pra escola hoje e nem nunca foi a muito tempo igual foi confirmado.

Fernando dirigia e Paula estava atrás, eu fui na frente.

- esquerda. - digo olhando no mapa no celular. - segue na rua Augusta. - tinha gente passando e carros. - caralho. - digo ligando a sirene.

Só assim pra darem espaço.

Fui orientando até chegarmos em um bairro comum e na rua deles. A cara era de dois andares mas bem simples, o pátio era grande e o portão de correr mas com uma placa de aço pra ninguém ver o outro lado. Da última vez que viemos o portão estava aberto e como ninguém atendeu a gente entrou e subiu as escadas até o segundo andar, em baixo era só uma garagem aberta com coisas de construção velhas, a casa mesmo era em cima.

E já na porta o homem veio nos atender sem abrir e disse oque disse.

Me arrependi muito de ter ido embora por que no dia seguinte já fizeram outra denuncia e eu fiquei pensando que naquele dia eu era a única salvação daquelas crianças.

Mas hoje eu não tô nem aí, não vai abrir portão? Eu arrombo, não vai deixar a porta aberta pra gente entrar? Eu chuto até abrir, vai mentir pra mim? Eu faço falar a verdade.

• ʙᴀʙʏ ɢɪʀʟ 2Onde histórias criam vida. Descubra agora