O mundo de repente gira lentamente, os segundos congelam, e tudo a minha volta parece parar, e as coisas andam com uma calma surpreendente.
Semanas se passaram em tempo de bala. Dias pareceram horas. Sentimentos tinham horas que estavam a flor da pele, e em outras nem existiam. Eu vivia aquilo tudo com tal intensidade que oscilava em calmaria e turbulência, oito ou oitenta, nada jamais era neutro e agradável.
Ainda quando estava na casa dos meus pais eu sentia meu corpo mudar, meus sentimentos mais a flor da pele, e um cansaço que me deixava deitada olhando para o teto, ou dormindo por horas.
Depois voltei para Nova York decidida a tomar minha vida de volta, e por mais que eu ocupasse meus dias com ensaios, tarefas, aulas, mais ensaios, ainda aquele cansaço estava dentro de mim e me fazia colocar tudo para fora. Passei mal diversas vezes, passei dias sem comer achando que era algo que me fazia mal. Eu ensaiava mais depois daquilo até meu corpo estar exausto e minha mente também, e mesmo assim eu passava mal ao fim do dia e depois caia cansada em minha cama desejando nunca sair de lá.
Foi então que senti os efeitos em partes mais específicas do meu corpo. Meus seios estavam sensíveis, meu corpo estava retendo líquidos mais do que o normal, minha cabeça girava mesmo se eu estivesse parada, e aquele cansaço não diminui mais, ele ficava cada dia pior. Meu corpo ficava mais lento, meus reflexos mais demorados, meu equilíbrio estava afetado, e isso para uma bailarina é a pior parte. Tentei ensaiar mais, exigir mais de mim, até que depois de desmaiar em meio a uma turma de crianças que eu havia pego para dar aula, a compreensão me veio, e ela foi confirmada não só por um teste de farmácia, mas também por um exame de laboratório, o qual mostrei para Hanna semanas atrás.
Eu estava grávida. Eu espera um filho do homem que conheci no casamento dela, o qual foi o único que eu me entreguei por completo.
Chorei por dias, até tomar consciência que ficar chorando não me levava a nada, nem resolveria meu problema.
Tirar aquela criança não era uma opção também, e manter aquela gestação era o único jeito. Eu perderia talvez um ano da universidade, talvez tivesse que dar o dobro de mim para conseguir a bolsa de volta. Mas eu pegaria mais turmas, diminuiria minha carga horária, estudaria o máximo até essa criança nascer, e eu sempre teria meus pais e minhas amigas para me apoiar, mas eu conseguiria, eu não ia desistir assim.
Mas como eu disse, eu vivia tudo com muito intensidade, e quando pensei que tudo seria uma calmaria, a turbulência chegou como uma ventania, virando tudo do avesso, me tirando do chão e abrindo uma cratera que um dia ia me engolir. Tudo isso depois da primeira consulta médica, onde na primeira ultrassom descubro que não seria apenas um bebê, mas dois, duas crianças dentro de mim.
Meus planos se desmoronaram como um castelo de cartas. Não havia mais como voltar a estudar, nem como um dia retornar a minha vida com duas crianças para cuidar. Com uma eu poderia me virar, como eu já disse, eu era privilegiada com pais compreensivos, e também tinha as melhores amigas do mundo, mas dois bebês, isso já era demais até para toda a bondade da minha família.
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ASCENDÊNCIA - O Jogo de Conquista II (Quebrando Tradições)
RomanceJá se viu em um dilema de ser criado para uma coisa e o futuro reservar algo totalmente diferente para você? Essa é minha história. Sou Rael Al-Naryan, primogênito e herdeiro das empresas da família Al-Naryan, um legado de sheiks, homem fortes e imp...