Capítulo 55

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Emily

Largo minha mala no chão de casa e me jogo no sofá, cansada.

— Já voltaram!? – Scott finge desânimo ao nos ver.

— Também estávamos com saudades, Scott – Hugo retruca, se jogando ao meu lado no sofá.

— Certo, certo — o mais velho senta no sofá à nossa frente, parecendo ansioso. — E o pedido!? Como foi? Deu certo!?

— Uma merda – rebato.

— O que aconteceu? – ele pergunta, começando a se preocupar.

Puxo uma almofada para o meu colo, apertando-a contra meu peito.

— Nós brigamos antes que eu pudesse fazer o pedido, depois ele foi embora e nós não conversamos – brinco com a costura da almofada.

— Brigaram por quê?

— Ele mentiu para mim – me limito a dizer.

— O Brian tá em casa? – Hugo muda de assunto, tirando o foco de mim, mas sei pela olhada que Scott me dá, que não vou conseguir fugir dessa conversa.

— Sim.

— Como ele está? – Hugo indaga.

Pela cara de Scott, provavelmente mal.

— Agora, bem. Esses três dias foram...difíceis – meu irmão se remexe, desconfortável.

Noto os círculos escuros ao redor dos olhos de Scott, que o fazem parecer mais velho do que realmente é.

— O que rolou? – pergunto e ele dá de ombros.

— Não aconteceu nada de diferente, mas não sei... ele parece pior, como se estivesse se desgastando demais.

— Difícil – eu digo, suspirando.

— E eu também descobri que ele não está mais indo a faculdade direito — Scott conta, sem nos olhar. — A secretaria ligou para mim, cobrando a mensalidade atrasada.

— Você deixou atrasar? – pergunto a ele, estranhando. Scott é a pessoa mais certinha que eu conheço, não paga nada fora da data.

— No início desse ano, Brian pediu para que eu começasse a transferir o dinheiro para a conta dele, que ele pagava na secretaria. Ele disse que isso o ajudaria a ter mais autonomia, então eu deixei.

— E ele não pagou? – Hugo chuta.

Scott nega com a cabeça.

— Não, já tinham dois meses de pagamento atrasados – explica.

— Que merda – digo.

— Será que não seria melhor se a gente internasse ele? – Hugo parece pensativo.

— Não adiantaria de nada. Se ele não for por vontade própria, nada vai mudar – respondo, negando com a cabeça.

— Mas... – Scott tenta dizer.

— Vai por mim, não funciona – o corto antes mesmo que continue, lembrando do nosso pai e de como nenhuma das internações deram certo com ele.

Ficamos em silêncio.

— Tenho medo de que Brian fique como ele.

Hugo diz, se referindo ao nosso pai.

A fala dele faz com que um bolo se forme na minha garganta. Olho para Scott, que cruza os braços como se estivesse se protegendo das palavras de Hugo.

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