Capítulo 5: Lembranças

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Dois ano antes...

— Ela vai ficar bem, a pancada não foi muito forte. Os senhores sabem o que houve com ela? Temo que ela tenha sofrido algo um pouco mais sério do que uma pancada na cabeça.

Não, encontramos ela jogada no chão naquele estado.

Tento abrir meus olhos para ver o que está acontecendo, mas a dor me impede e acabo apagando de novo.

💭

Acordo sentindo uma respiração em cima de mim. Com receio, abro os olhos devagar e me assusto ao ver um garoto me olhando.

 Quem é você!?

 Calma, menina, eu estou aqui para ajudar! Vou chamar o médico! – ele sai correndo, me deixando sozinha

Olho em volta  do quarto onde estou, percebendo que é um quarto hospitalar.

Tento as conter, mas as lembranças voltam com tudo a minha mente. Garret em cima de mim, eu pedindo para ele parar. Garret tocando em mim sem minha permissão e Garret fazendo sei lá o quê comigo quando apaguei.

Lágrimas rolam pelo meu rosto e eu sinto vontade de morrer.

— Você se lembra do seu nome? – percebo que o menino voltou, junto de um médico

— Óbvio, é o meu nome – respondo fungando.

— Qual é então? – o médico pergunta com uma cara divertida mas ao mesmo tempo cheia de preocupação

— Emily Mazaroppi Fox

— Ok... Sua idade, Emily? – questiona, anotando alguma coisa num bloquinho

— Quatorze anos – respondo.

Respiro fundo mais algumas vezes e tomo coragem para perguntar o por quê estou em um hospital, apesar de já saber.

— Bem, este menino — o médico aponta para o garoto que estava me olhando quando acordei, que dá um sorriso tímido para mim —, te trouxe ao hospital ontem, desesperado dizendo que tinha te encontrado desmaiada perto de um banheiro químico.

— Entendi. Hm... Doutor, será que eu posso falar com o senhor a sós um minutinho? – pergunto, sentindo vontade de vomitar.

- Claro, querida. Caio, saia, por favor — o médico diz e o menino me olha antes de obedecer e sair, fechando a porta atrás de si. — O que a senhorita quer falar? Eu temo já saber o que é. Mas se não quiser contar, não tem problema nenhum, eu apenas farei os exames e você pode ir a delegacia denunciar – ele fala com tanto cuidado e com uma voz tão mansa que não me seguro e volto a chorar.

— Eu...eu...é isso mesmo, doutor. Acho que fui estuprada. Será que eu poderia usar seu telefone, por favor? – peço, tentando controlar minha respiração.

Ele concorda e me empresta o celular, me deixando sozinha. Ligo para a única pessoa que eu sei que posso ligar: minha mãe.

Fico no hospital por mais três dias, faço exames e eles confirmam que eu não fui penetrada, porém encontraram resquícios de esperma na minha intimidade e confirmaram que eu fui tocada.

Quando os médicos me dão alta, sou levada para casa por minha mãe e passo quase cinco meses na casa de minha tia Sophia para me recuperar, sendo visitada frequentemente pelo menino do hospital, o Caio.

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