Dormi na casa de Caio, porque não quis — e não quero — ir embora.
Eu e ele passamos a noite no sofá comendo besteira, maratonando Grey's Anatomy e fingindo que nada aconteceu. Meus irmãos me ligaram a noite inteira, mas não atendi. Só mandei uma mensagem dizendo que estava bem e que era eles para não se preocuparem.
— Você tem certeza de que não vai contar aos seus irmãos o que ele fez com você, Emily? Eu sei que você não gosta que as pessoas saibam, mas eles são seus irmãos, merecem saber. Você não acha? – Caio pergunta com um olhar preocupado. Nego com a cabeça ele suspira, me puxando para deitar novamente no sofá.
Os únicos que sabem o que aconteceu comigo são: Caio, o pai dele — que, por acaso, foi o médico que me atendeu —, minha tia Sophia, minha mãe e minhas duas amigas, Alice e Mila.
Eu quase não consegui ir a polícia denunciar, mas minha mãe me fez ir, dizendo que o culpado tinha que pagar, independente de quem fosse. O que não aconteceu, obviamente. Os pais de Garret são advogados super conhecidos e amigos de um deputado, que o ajudou a tirar a denúncia. Garret alegou que não houve estupro, já que ele não chegou a me penetrar.
A versão de Garret a polícia foi que eu fiquei o instigando a noite toda, e quando ele decidiu ficar comigo, eu fui porque eu quis e que ele parou assim que percebeu que eu não estava bem. No caso, ele parou porque percebeu que tinha me feito bater a cabeça na parede e eu acabei desmaiando, então ele me arrastou até o banheiro químico para parecer que eu era só mais uma adolescente que tinha bebido demais e desmaiou.
Lembro-me de quando encontrei com o Garret depois de tudo que aconteceu, ele me pediu desculpas, mas creio que foram seus pais que o mandaram fazer aquilo. Eu não aceitei, briguei com ele e procurei me certificar de nunca mais falar com ele.
Suspiro, segurando a vontade de chorar.
— Ei...não fica assim, meu amor. Vai passar, ele não vai mais encostar um dedo em você. E agora você sabe lutar, com certeza ele não sabe disso. – Caio me consola enquanto me embala e eu acabo rindo.
Depois do que aconteceu, minha mãe achou melhor me inscrever em aulas de autodefesa.
Vou embora da casa de Caio algumas horas depois, sabendo que não devo matar meus irmãos de preocupação assim.
Suspiro quando o motorista estaciona em frente a casa dos meus irmãos. Pago a ele e agradeço pela viagem, prometendo que daria 5 estrelas para ele no aplicativo. Como não vejo ninguém na entrada, continuo meu caminho e subo as escadas, indo para o meu quarto. Ouço risadas vindo do quarto de Hugo, mas não mudo meu curso.
Entro no meu quarto deixando as coisas no chão, resolvendo tomar um banho. Coloco uma calça de moletom e uma blusa grande que roubei de um dos meninos.
— Emily, eu sei que você já chegou. Abre a porta. Tem pizza! Compramos duas pizzas só para você – ouço a voz de Brian contra a minha porta e fico dividida entre abrir ou não. Decido abrir.
Abro a porta, vendo que os três estão ali, e não só Brian. Os três lançavam olhares preocupados na minha direção. Hugo é o primeiro a entrar, indo direto para a ponta da minha cama, Brian senta no meu puff branco e Scott permanece de pé. Dos três, é o que está mais sério.
— Desculpa preocupar vocês – quebro o silêncio e encolho os ombros.
— Aonde você passou a noite? – Brian pergunta, sem rodeios.
— Na casa do Caio. É aqui perto – respondo e ele acena.
— Olha, não vou mais enrolar. Vou direto ao ponto aqui. – Scott diz, abaixando na minha frente e segurando minhas mãos. Merda. Assim eu choro, porra.
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Do Nosso Jeito - CONCLUÍDA
Teen Fiction"Se eu pudesse tirar essa dor de você eu tirava, mas não posso, infelizmente. Tudo o que posso fazer é te ajudar a criar novas boas lembranças, deixe-me fazer isso, Emily" 🍁 Sinopse inserida no livro ⚠ Este livro contém gatilhos relacionados a estu...