Emily
Recosto a cabeça no sofá, soltando um suspiro cansado. Estou exausta e nem fiz nada além de sair com meus tios ontem.
— Você já falou com o Oliver? – Hugo pergunta, me fazendo lembrar de que não estou sozinha.
Faço um ruído com a boca, em protesto, e balanço a cabeça em negativa.
Eu sei que deveria falar com Oliver, só não sei como fazer isso, não sei se consigo agir de forma normal. Ele me mandou algumas mensagens, mas ainda não respondi.
— Eu acho que vocês deveriam conversar logo, para resolver o que quer que tenha acontecido – meu irmão reforça e sinto vontade de bater na cara dele.
— Cuida da sua vida, que eu cuido da minha. Que tal? – dou um sorriso antipático para ele
— Estou com fome – diz, ignorando o que eu falei.
— Eu também.
Nenhum dos dois se move.
Estamos só nós dois em casa, Scott disse que foi dormir na casa de um amigo, mas todo mundo sabe que ele está namorando, porém deixamos que ele pense que está conseguindo manter segredo.
— A gente pede comida ou tira par ou ímpar, para ver quem vai cozinhar? – meu irmão pergunta
— Acho que tanto faz – dou de ombros fingindo indiferença mas torcendo para que ele queira pedir comida.
— Vamos pedir comida então. Sabe o que eu sempre quis comer? — ele me encara e eu impulsiono o queixo para frente, para motivá-lo a continuar — Aquele pãozinho branquelo sabe?
Quero dizer que não, só para implicar, mas assinto.
— O do Kung Fu Panda – digo e ele sorri, entusiasmado.
— Esse mesmo! Qual o nome daquilo? Eu... Seu telefone tá tocando.
Demoro alguns segundos para compreender o que Hugo diz, já que ele continua discorrendo sobre o pãozinho chinês.
Olho para a mesa, vendo meu celular piscar com a nova ligação. Pego-o e observo o número, vendo se começa com 021 ou 11. Se for de São Paulo — onze — eu vou ignorar como sempre.
Imagina morar em São Paulo e não poder rejeitar uma chamada de São Paulo? Que tristeza.
Mas indo contra o habitual, o número começa com 021, me dizendo que pode ser alguém que eu conheça, já que é do Rio.
Só que, sério, não consigo pensar em ninguém que eu conheça me ligando. Principalmente a essa hora. Checo a hora no aparelho da TV. São três da manhã, quase quatro.
Pode ser Garret. Pensando nisso, deslizo o dedo pela tela, recusando a chamada e tentando conter a onda de enjôo que sobe só de pensar nessa possibilidade.
Volto a prestar atenção no meu irmão, que continua contando sobre as características do pãozinho.
— O nome dele é... — me viro para o meu celular, que volta a tocar e recuso novamente. — O nome é nikuman – falo para ele, e meu celular toca mais uma vez. Desligo. Mais uma vez quem quer que seja liga de novo.
— Atende logo essa merda – Hugo se irrita.
Com um suspiro, puxo o celular para mim, atendendo a chamada.
— Alô? – atendo
Por um instante, não escuto ninguém falar nada, mas escuto sons que parecem ser de música abafada junto de vozes ao fundo.
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Do Nosso Jeito - CONCLUÍDA
Teen Fiction"Se eu pudesse tirar essa dor de você eu tirava, mas não posso, infelizmente. Tudo o que posso fazer é te ajudar a criar novas boas lembranças, deixe-me fazer isso, Emily" 🍁 Sinopse inserida no livro ⚠ Este livro contém gatilhos relacionados a estu...