Capítulo 59

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Emily

Os sons que saem da televisão preenchem o quarto, quase como uma música de fundo para os meus pensamentos e os de Hugo. Estamos no quarto dele, fingindo assistir a um episódio de Grey's Anatomy.

Rodo o pirulito na boca, tentando prestar atenção no que Meredith Grey está dizendo, o que não dá muito certo.

— Onde vai? – Hugo pergunta, atento, quando me mexo na cama.

— Não sei – respondo, balançando os pés.

Hugo está agindo como se eu tivesse sofrido um acidente, me seguindo e perguntando se eu estou bem a cada cinco segundos. Sua preocupação e zelo aquecem meu coração, mas ao mesmo tempo está começando a me irritar.

— Quer que eu vá junto?

— Hugo, eu sei andar sozinha – retruco e ele encolhe os ombros.

— Ok, já entendi o recado! — ele levanta os braços em sinal de rendição. — Vou maneirar no cuidado.

— Obrigada – sorrio.

— Não tem de quê – ele fala, me puxando de volta para perto dele.

— Você é muito grudento, sabia? – implico, sendo esmagada pelos braços dele, que ri.

— Não minta para si mesma, mana, você ama isso – Hugo devolve, brincalhão.

— Realmente – concordo, o abraçando de volta.

O ronco do motor do carro de Scott chega até o quarto, nos mostrando que ele voltou, e se tudo tiver dado certo, com Brian junto.

Solto o ar devagar, sem saber se estou com cabeça para ver meu irmão. Já estou melhor, mas isso não significa que tudo o que ele tenha dito ainda não doa, fora a tristeza de saber o que Brian fez com meu dinheiro e meu colar. Sim, eu tenho consciência de que minha mãe me ama, do jeito torto dela, mas continua sendo amor, e não posso deixar de ressaltar todas as tentativas que ela tem feito para tentar recuperar nossa relação, me mostrando que está procurando mudar.

Hugo desliga a televisão, provavelmente procurando mais silêncio para conseguir ouvir qualquer barulho que possa vir do andar de baixo. Como o esperado, escutamos o som da porta se abrindo e dos passos inundando a sala ou talvez a cozinha.

— Você quer descer? – pergunto a Hugo.

Ele morde o lábio, incerto.

— Não sei — confessa. — Ainda estou com raiva dele, somos irmãos e tal, mas eu nunca quis tanto socar a cara de Brian como nesses últimos dias.

— Mesmo com todas as merdas que ele faz, Brian ainda é nosso irmão, mas eu ainda estou triste pelas coisas que ele falou e fez. Acho que é inevitável – desabafo e Hugo assente.

— Está no seu direito, ele tem sido um filho da puta.

Faço careta, concordando.

Meu celular vibra ao meu lado, e vejo que é uma mensagem de Scott, mandando eu e Hugo descermos.

— Scott mandou mensagem para você também? – meu irmão pergunta e eu faço que sim com a cabeça.

— Vamos, então.

Paro no alto da escada, quase desistindo de descer, mas Hugo me empurra com delicadeza, garantindo que eu não saia correndo na direção oposta.

Encaro Brian e Scott sentados no sofá, lado a lado, com os rostos inchados, indicando que andaram chorando e muito.

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