Capítulo 17

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Emily

23/03 – quarta-feira

11:45

— Infelizmente, a professora de Educação Física não vai poder dar aula hoje para vocês, por isso, vocês vão ter esse horário vago, podem ficar aqui na quadra mesmo, não tem problema. Só peço para que se comportem – assim que a coordenadora sai, os alunos começam a gritar e comemorar e eu rio.

É uma raridade algum dos nossos professores faltarem, ainda mais a de Educação Física, que dá aula para as duas turmas do terceirão juntas, ou seja, quase 80 cabeças. 

— E o que a gente vai fazer para aproveitar essa benção divina? – Lara pergunta, toda animada.

Olho em volta e vejo que a maioria dos alunos está jogando alguma coisa. Pela quadra ser bem grande, todos nós cabíamos sem maiores problemas e ainda sobra espaço. As pessoas estão separadas em pequenos grupos em cada parte da quadra, um grupo está jogando futebol, o outro basquete, o outro jogando vôlei, o outro queimado.

Instintivamente procuro por rostos familiares em cada grupinho. Encontro Hugo no basquete, tentando — e falhando — acertar uma cesta, Enzo está no futebol e desisto de continuar procurando pelos outros. Enzo corre atrás da bola numa velocidade absurda — pelo menos para mim, que não consigo correr nem por cinco segundos sem me cansar muito.

— Emily, meu Deus! Seja mais discreta! – Alice me balança, conseguindo atrair minha atenção.

— Desculpa — peço. — Ele é muito lindo, amiga, não consigo resistir! – choramingo e ela ri

— Aquieta esse cu, garota, pelo menos um pouco. Você estava secando ele sem nem disfarçar! – ela diz, se divertindo as minhas custas.

— Tem razão, daqui a pouco ele vai achar que eu sou alguma psicopata.

— Não poderia concordar mais – Alice passa seu braço por meus ombros.

— Já sei! A gente pode assistir aquela série que a Mila fica falando! Acho que o nome é Gilmore Girls, eu baixei no tablet esses dias, e por sorte eu o trouxe! – Lara sugere já abrindo a mochila em busca do tablet.

As meninas se animam junto com ela e eu acabo me deixando levar também, afinal não tem nada melhor para fazer.

Tento resistir a vontade de olhar novamente para Enzo, mas como a carne é fraca, eu acabo procurando por ele de novo, mas ao invés de achá-lo, eu vejo Oliver segurando o celular como se estivesse tirando uma foto, mas do nada ele começa a gesticular, falar e sorrir para a tela, como se sua vida dependesse disso. Sinto vontade de rir, mas me seguro. É fofo.

— Gente, o que o Oliver tá fazendo? – aponto para ele, que agora está mandando um beijo para a tela, me fazendo sorrir mesmo sabendo que o beijo não é para mim.

Mesmo que eu não goste de admitir, Oliver pode ser uma pessoa cativante quando quer, fora a paciência que ele tem comigo, que não facilito em nada a aproximação dele.

— Você não sabe? — Davi, que surge não sei de onde, me pergunta e eu nego. — Ele é influencer, tem um monte de seguidor no Instagram – não faço questão de esconder a surpresa.

Influencer? — confirmo e ele assente sorrindo.

Volto a fitar Oliver que agora estava andando pela quadra, sem deixar de olhar para a tela. Umas duas meninas se aproximam dele e começam a sorrir, pegando nos próprios celulares.

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