Capítulo 25

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Emily

Terça-feira

O sinal toca certeiro assim que eu, Hugo e Caio entramos no colégio. As primeiras aulas correm chatas e normais, quando o sinal toca de novo, anunciando o início do intervalo, a turma sai em disparada, deixando a professora de história falando sozinha. Pego minha garrafa térmica lilás, com estrelinhas amarelas pintadas, e um pirulito na mochila e saio da sala. Acho meus amigos rapidamente e me sento ao lado de Oliver, que só pela postura, vejo que está irritado.

Fico dividida entre perguntar o que houve e ignorar a existência dele. Cedo para a minha curiosidade e a pontinha de preocupação que sinto.

— O que houve? – pergunto, lhe dando uma cutucada na costela

— Nada. – Oliver sequer ergue os olhos do caderno para mim

Contenho uma revirada de olhos e me viro para o restante dos nossos amigos, perguntando o que houve com o bicudo ao meu lado.

— Ele não está conseguindo resolver umas contas de matemática do curso dele. – Hugo o delata, fazendo com que Oliver o olhe irritado

— Ora, não pode ser tão difícil assim! Passa para o pai aqui! – Enzo diz, todo cheio de si, me fazendo rir

Oliver repassa o caderno, claramente a contragosto. O restante se aglomera em cima de Enzo, para ver o que está escrito.

— Sua letra é tão bonitinha — Davi elogia, fazendo um biquinho fofo —, parece de menina.

— É uma letra comum, não tem nada a ver com a letra de uma menina. Agora, devolvam meu caderno, por favor. – pede e se eu disser que foi calmamente, estaria mentindo

Oliver quase arranca o caderno da mão de Enzo, voltando a olhá-lo — para o caderno, não para o amigo, é claro — como se estivesse tentando decifrar algo codificado. Parece até eu tentando entender física e geografia.

— Você entendeu alguma coisa, pelo menos? – Oliver pergunta, tentando esconder a esperança, mas para sua tristeza, Enzo nega, com uma careta

— Deixe-me ver. – falo e tento pegar o caderno da mão dele, que não o solta

Parece um cachorro segurando o osso.

— Solta logo a porra do caderno, Oliver. — Caio se mete — Emily é boa em matemática.

— Talvez a única coisa em que eu realmente seja boa. – concordo

Ainda desconfiado, o garoto me entrega o caderno e o lápis. Olho para as contas feliz, me sentindo em casa. A maioria das pessoas detesta matemática, mas eu sempre gostei, desde pequena. São como um porto seguro. Na matemática não tem meio termo ou resposta incerta. Ou aquilo é certo, ou não é.

— É só trigonometria. – digo, terminando de resolver a última conta

— Tem certeza de que você é humana? – Camila me encara desconfiada e eu solto uma risadinha

— Você resolveu tudo?! — Oliver diz, incrédulo e um pouco irritado

Eu assinto e lhe devolvo o caderno. O moreno puxa o celular e pelo que parece, confere um gabarito.

— Você acertou tudo! — diz surpreso, me fazendo revirar os olhos — Mas não me explicou nada! Do que adianta eu levar feito e certo se continuo não sabendo como fazer?

Mordo a língua, para não dar uma resposta malcriada.

— Não ouvi você pedir uma explicação em momento nenhum, Oliver, e qual o motivo dessa surpresa toda? Eu falei que era boa.

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