Capítulo 50

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Oliver

Encaro a mala aberta em cima da cadeira, sem saber mais o que pôr dentro dela.

— Oliver, é só uma mala! – Emily acusa.

Encaro-a, que está sentada na minha cama, balançando as pernas para cima e para baixo demonstrando o tédio.

— Eu estou arrumando. Não quero levar nada em excesso – me defendo e ela revira os olhos.

— Mas tá demorando – reclama e eu opto por ignorar.

Volto a olhar para o meu armário. Vamos para do Arraial do Cabo amanhã, para o casamento duplo e passaremos três dias lá, então não há necessidade de levar tanta coisa. Ponho mais uma camisa na mala, só por precaução.

— Nós vamos à praia? — me pego perguntando e Emily me lança uma cara que diz: "meio óbvio, não?". — Ok. Vou levar uma sunga também. Uma não, duas.

— Amor, você já pôs bastante roupa aqui, acho que tá bom, já podemos acabar – Emily diz, encarando a mala aberta.

Estreito os olhos para ela.

— Você só me chama de amor para que eu faça suas vontades, é isso?

— Depende, funcionou? – pergunta, sorrindo sapeca

— Sim.

— Então sim! – ela inclina a cabeça para o lado, a apoiando no próprio ombro.

— Não sei porque ainda caio nessa – digo dramático enquanto fecho a mala.

— Porque você é apaixonado por mim – ela retruca, me abraçando pela cintura quando me aproximo dela na cama.

Rio.

— Verdade – concordo e ela sorri ainda mais antes de me beijar.

Seguro na cintura dela, beijando-a de volta e curtindo o momento. Separo minha boca da dela antes que o beijo se aprofunde mais.

Emily não diz nada, mas não consegue disfarçar o descontentamento. Sei que ela está esperando por mais, o que eu não sei é se consigo dar o que ela quer.

Ainda estou em busca da forma certa de dizer que não vamos transar.

Eu demorei para entender, mas agora já aceitei o fato de que meu corpo tem algum tipo de problema com sexo.

Todas as vezes em que tentei, tive reações diversas e nenhuma foi tão boa. Confesso que depois da terceira tentativa eu simplesmente desisti, porque entendi que não é para mim. Se meu corpo rejeita o sexo, eu não vou mais me submeter a tentativas.

A terceira e última foi no aniversário de Melissa, a garota da escola. Não entendo como Letícia, a prima dela com quem eu transei, sentiu tanto prazer enquanto eu só queria sair correndo de lá. Eu nunca mais quero me sentir da forma como me senti aquele dia.

Tive quatro namoradas no total e todas foram arranjadas pela minha mãe. Eu perdi minha virgindade com a Penélope, minha última namorada. Nós tínhamos quinze, quase dezesseis anos e na primeira vez que tentamos, eu não senti absolutamente nada e meu corpo não reagiu da maneira esperada. O pau não subia de jeito nenhum.

A Penélope ficou tão desesperada que foi falar com a minha mãe, achando que eu tinha alguma doença ou coisa assim. Até hoje não entendo esse rolê que ela inventou na cabeça dela e que só me fodeu. Com isso, eu passei a me sentir pressionado, não só pela minha mãe como pelas pessoas que estudavam comigo, e fiz de tudo para conseguir transar com Penélope. Depois disso, inventei uma desculpa qualquer e terminei com Penélope.

Por esse motivo, minha mãe cismou, por um período, que eu era gay e que precisava "de uma boa mulher para me ensinar como o sexo é maravilhoso". Nem preciso dizer que não adiantou, porque sempre esteve claro que não é isso.

Antes, eu achava que eu era um completo esquisito, já que nem quando beijava sentia alguma coisa, era uma sensação de nada.

Eu via — e vejo — meus amigos comentando sobre se sentir bem, com tesão ou coisas assim e fico sem entender porquê eu nunca havia experimentado isso e qual é o meu problema, já que nem vontade eu sentia.

Quando todo mundo começou a perceber que eu não ficava com ninguém, a ideia de que eu era gay voltou, então eu passei a ficar com garotas mesmo sem sentir nada, só para reafirmar minha sexualidade. Eu tentei ficar com outros homens também, mas não tive nenhuma sensação além de desconforto.

Sexo sempre vai ser ruim para mim e por isso, não quero fazer de novo e está tudo bem.

Ok. Não está tudo tão bem assim.

Desde que eu conheci Emily, eventualmente eu senti vontade de beijá-la e no momento que o beijo aconteceu fiquei surpreso pelos sentimentos que me abateram. Eram tantas sensações que eu nem consigo descrever, foi diferente. Eu me senti bem com aquilo.

E se eu dissesse que não sinto vontade de beijá-la ou que não fico excitado com ela, eu estaria mentindo. Porque eu sinto as duas coisas, sinto muito, mas não tenho coragem de dar o próximo passo.

Não quero que seja ruim com Emily. Não quero transar com ela e me sentir sujo e usado ao final. Não com ela.

— Vamos assistir o que? – Emily pergunta, distraída, me tirando dos meus pensamentos.

— Não sei, mas nada de desenho – adianto e ela revira os olhos.

— Ok. Ok. Você escolhe então – me entrega o controle e começo a navegar pela Netflix.

— Hoje eu vou dar o troco — anuncio e ela me olha apreensiva, me fazendo sorrir. — Vamos ver Friends!

— Ah, não! Eu detesto Friends, prefiro How I Met You Mother – ela diz e finjo desgosto.

Como Eu Conheci Sua Mãe é uma imitação! – acuso e ela dá de ombros.

— Sinal de que até a imitação é melhor – retruca e eu cutuco suas costelas em resposta, a fazendo rir.

— Não sei como gosto de você — reclamo, indignado.

— Eu sou ótima.

— Então vai assistir comigo! – falo e ela bufa, se rendendo.

— Af. Põe logo, antes que eu me arrependa!

gentii, eu esqueci de postar no fim de semana, então para compensar vocês, vou lançar dois capítulos hoje, ok?

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gentii, eu esqueci de postar no fim de semana, então para compensar vocês, vou lançar dois capítulos hoje, ok?

beijooosss

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