Oliver
— A gente vai almoçar aonde dessa vez? – Alice pergunta, balançando os cabelos loiros de um lado para o outro, como uma criança
— Acho que pode ser no self-service que fica na rua do lado, que tal? Não comemos lá ainda. – Arthur sugere e o resto de nós acaba concordando
Ainda é difícil me soltar no meio de tanta gente, ao todo, somos onze pessoas. Onze! É muita gente falando e gesticulando ao mesmo tempo, não consigo acompanhar nem metade das conversas e acabo preferindo me manter em silêncio. Muitas vezes fui taxado como metido ou arrogante — algo que minha mãe diz ser bom para a minha "imagem" —, mas sempre foi minha timidez falando mais alto.
Quando comecei a usar o Instagram, vi nele uma forma de socializar, sem necessariamente falar com as pessoas e quando vi, já tinha feito um certo sucesso e fiquei taxado como influencer. Admito que passei a ter mais sucesso há dois anos, quando o time de futsal do qual eu fazia parte, venceu o Campeonato Estadual de Futsal sub-17 e eu fui o responsável pelo gol da vitória.
— Tá todo mundo aqui? – Emily pergunta, enquanto ela mesma confere, contando cada cabeça
— Quem vai no mercado comprar o refrigerante? – Camila lembra e o alvoroço aumenta ainda mais, como se fosse possível
Uma velhinha que está passando pela gente na hora, leva um susto e anda quase correndo apoiada em sua bengala. Não a julgo, se eu visse onze jovens gritando enquanto andam pela rua, eu também fugiria.
— A Emily e o Oliver vão! Eles foram os únicos que ainda não foram. – Nina sugere
— Mas eu ainda nã... Ai! – Lara é interrompida pela amiga com uma cotovelada na costela – Vai se foder, Nina, doeu! – a outra dá de ombros, mostrando não estar nem um pouco arrependida, mas, mesmo assim cochicha um pedido de desculpas
— Quem vai pagar dessa vez? – Emily questiona
— Eu pago, vamos. – chamo e ela assente
O caminho do restaurante até o mercado é rápido, deixo que Emily guie o caminho até a sessão de bebidas, porque eu nunca entrei nesse mercado.
— Coca ou Pepsi? – mostro os dois refrigerantes a ela, para que escolha
Emily pondera, olhando de um para o outro em dúvida.
— Coca. Camila não bebe outro tipo. — faz uma careta e eu devolvo a Pepsi para o lugar — Mas já que a gente tem que levar dois refrigerantes, o outro pode ser de... – de quê, eu nunca vou saber, porque Emily é interrompida por uma mulher de óculos de garrafa e cabelos chanel
— Emily! Meu deus! Quanto tempo! Nossa, você está imensa! Está linda, emagreceu muito, meu Deus! — a mulher não deixa nem que Emily responda e continua tocando nela, que ficou estática, e falando pelos cotovelos — Como está Rodrigo? E sua mãe e sua irmã também, claro. — a olho desconfiado, esse Rodrigo de novo porra? — Ele melhorou? Quando vai voltar a caminhada? — caminhada?
A mulher para de falar quando percebe a minha presença.
— Você está namorando?! Meu Deus, meus parabéns, ele é lindo. Mandei mensagem pelo Mensseger, mas acho que você não chegou a ver. – continua
Emily enfim se solta dos braços da mulher, parando ao meu lado, parecendo estar terrivelmente desconfortável, ela cerra o punho, fincando as unhas pintadas de azul claro com força na palma da mão.
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Do Nosso Jeito - CONCLUÍDA
Teen Fiction"Se eu pudesse tirar essa dor de você eu tirava, mas não posso, infelizmente. Tudo o que posso fazer é te ajudar a criar novas boas lembranças, deixe-me fazer isso, Emily" 🍁 Sinopse inserida no livro ⚠ Este livro contém gatilhos relacionados a estu...