Capítulo 47

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Emily

Apoio a cabeça no banco do carro, sentindo um misto de emoções dentro de mim. Depois de tudo que falei para os meus amigos, não vi outra opção a não ser contar para Scott sobre a perseguição de Garret. De início, Scott ficou muito puto por eu não ter contado a ele sobre isso antes, mas depois a preocupação falou mais alto.

Na segunda-feira fomos à delegacia e prestamos, novamente, uma queixa. Eles disseram que iriam averiguar o caso, mas sei que não vai dar em nada, assim como em todas as outras vezes. Assim que virem o nome dos pais de Garret, minha queixa será arquivada como todas as outras foram.

Então para tentar diminuir as chances de Garret me encurralar, Scott passou a levar a mim e a Hugo na escola e nos buscar todo dia. A semana já havia se iniciado de novo, hoje é quinta-feira e pelo menos até agora não vi Garret nenhuma vez.

O que me deixa aliviada e preocupada ao mesmo tempo, porque não sei se ele realmente vai parar ou vai voltar a me perseguir futuramente. Minhas saídas de casa serão menos frequentes daqui em diante, em função disso.

O que não me incomoda tanto, já que me dá a margem perfeita para finalmente conseguir trazer minhas amigas a minha casa. Será bom finalmente apresentá-las ao lugar em que moro.

— Chegamos — Scott anuncia, parando o carro em frente ao colégio. — Venho buscar vocês mais tarde, agora vão logo!

Me despeço dele com um beijo na bochecha e desço do carro, esperando por Hugo. Ele ainda não voltou a falar comigo, acho que ele espera que seja eu a pedir desculpas, o que não vai rolar.

— Emy — a voz de Hugo se faz presente ao meu lado. Ignoro-o e começo a andar para dentro do colégio. — Desculpa por ter sido um babaca, ok.

Paro de andar, um pouco desacreditada pela fala tão direta. Olho para meu irmão, que bufa ao ver meu olhar descrente.

— Ok. Eu fui muito filho da puta, eu estava irritado e magoado e queria te magoar também, nem que fosse com uma mentira — ele brinca com uma costura solta em sua calça. — Eu sei que nada me dá o direito de agir da forma que agi, mas estou arrependido. Desculpa.

Nem sei o que falar. Quer dizer, meu irmão pedindo desculpas? Quê? Hugo é uma das pessoas mais orgulhosas que já conheci.

Como diriam as frases do Facebook: o mundo não gira, ele capota.

Assinto, digerindo a informação. Não vou dizer que o que ele disse não me magoou. Ser ou não ser da família sempre foi uma insegurança minha, ainda mais por ser tão diferente fisicamente dos meus irmãos, e Hugo sabe disso.

Mas me manter brigada com Hugo não é algo que eu deseje e ele realmente parece arrependido.

Okay – digo, segurando nas alças da mochila.

Meu irmão me olha, provavelmente surpreso com a minha resposta. Ele deve ter pensado que seria mais difícil me fazer aceitar, mas a verdade é que estou cansada de brigas e coisas do tipo. Quero aproveitar ao máximo um momento de tranquilidade.

Finalmente me resolvi com Oliver, e não quero mais fugir de jeito nenhum. Estou apaixonada e está tudo bem, não é mais um bicho de sete cabeças. Sinto que posso lidar com isso de maneira normal agora.

Levo um susto quando os braços de Hugo me puxam para perto dele, me dando um abraço de irmão urso. Enfio o nariz no casaco que ele usa, sentindo o cheiro dele e o abraço de volta.

— Amo você – meu irmão confessa, me apertando um pouco mais.

— Também te amo – minha voz sai abafada, fazendo nós dois rirmos.

Do Nosso Jeito - CONCLUÍDA Onde histórias criam vida. Descubra agora