Capítulo 16

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Ficamos ali por mais um tempo, com Scott mexendo no celular e Hugo fazendo o que faz melhor: me atazanar.

— Não rolou nem um beijinho? — pergunta e eu nego. — Nem um selinho? — nego novamente. — Porra, Emily. Francamente, eu desistiria de você se fosse o Oliver. – Levanto uma das minhas sobrancelhas, algo que eu tinha aprendido a fazer há pouco tempo, fazendo uma pergunta silenciosa.

— E desde quando ele insistiu em mim? Porque até onde eu sei, ele nunca fez nada.

E duvido muito que um dia faça. Penso, mas não falo. Não acho que eu seja o tipo de Oliver. Eu reparei — sem querer, juro — nas meninas com quem ele ficou no churrasco, uma falsa ruiva baixinha e uma loira baixinha também, as duas com cara de ter 22 anos e com um corpo invejável. Garotas como Alice e Lara fazem o tipo dele, não garotas como eu.

— Que continue sem fazer nada, amém – Scott diz, atraindo nossa atenção.

— Ué, por quê? – me faço de desentendida e o vejo abrir um sorriso.

— Porque um: — Scott faz o número 1 com a mão — vocês já me dão trabalho demais sem namorar ninguém, imagina namorando. Dois: se você ou o Hugo, ou até mesmo o Brian decidirem namorar, quem vai se foder sou eu, já que nenhum dos três trabalham e eu teria que arcar com as idas ao cinema, alianças folheadas, ursinhos de pelúcia, chocolatinhos em formato de coração e etc. — Scott parece ver as moedas descendo na sua frente, porque chega a tremer.

— Só isso? – Hugo ri junto comigo.

— Não! — ele senta. — Tem o mais importante: não quero bebês nessa casa! Já basta cuidar de vocês. – completa o discurso com uma cara de desesperado

— Bem, da minha parte você pode ficar tranquilo. Não quero ter filhos tão cedo e tampouco quero que saiam de mim. — digo e dessa vez quem treme sou eu.

Nunca quis engravidar, ter filhos e todo aquele blá blá blá. Depois do que aconteceu com o Garret, a vontade só diminuiu ainda mais.

— Faço das palavras da Emy, as minhas, fora que a gente sabe muito bem como usar uma camisinha, né. Agora, já não prometo não praticar como se faz um bebê. – Hugo nos lança uma piscadela e ganha um tapa de Scott na nuca.

— Mais respeito com a sua irmã, por favor. – Scott me esconde em seu peito e eu belisco sua barriga, em resposta – Ai! Machucou!

— Bem feito, e pelo amor de Deus, Scott, eu tenho dezesseis, quase dezessete anos, essa não foi, nem de longe, a pior coisa que eu já ouvi.

— Mas pelo menos você ainda é virgem, né? – aperta os lábios e eu percebo que temos mais uma mania em comum

Apesar de eu não me parecer com nenhum dos três irmãos fisicamente (o que, no início, me deixava chateada), temos manias e tiques parecidos, não só nós quatro, mas Ágata também. No todo, ela era mais parecida com Brian, já que ambos herdaram em peso os traços — tanto negativos tanto positivos — da personalidade do nosso pai.

— Esquece! Não quero saber! — Scott põe a mão no coração. — Meu Deus! Eu crio dois safados! Dois não, três! Na idade de vocês eu comia areia ainda, nem pensava em perder o cabaço!

— Mas aí, mudando de assunto, cadê o Brian? – Hugo pergunta do nada.

Demonstro o mínimo interesse possível e sinto Scott ficar tenso ao meu lado.

— Deve ter dormido na casa de alguém – dou de ombros.

— É, deve ser isso mesmo! — Scott diz, se levantando. — Agora levantem a bunda daí e vamos arrumar a casa, que, por um acaso, está um lixo!

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