Capítulo 7

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Emily

Segunda-feira

12:11pm

— Emily, pode ler para mim? - meu professor de história pergunta me fazendo levar um susto.

Estou quase dormindo sentada, não vejo a hora de ir para casa.

— Sim, professor. Mas em que página está o texto? Me distrai, desculpa – me repreendo por não estar prestando atenção. Detesto quando isso acontece.

— Deixa para lá, vou mandar outra pessoa ler, já que você não estava prestando a devida atenção. Espero que isso não se torne recorrente. — Fábio, o meu professor, diz. Por Deus, é só uma leitura de parágrafo! — Lê você, Jorge.

Jorge, meu colega de turma nada querido — e que nutre um sentimento de aversão por mim—começa a ler o bendito parágrafo sem esconder sua felicidade. Deixo Jorge continuar com a sua felicidade e passo a vasculhar a mochila em busca de um pirulito. Preciso de um doce para dar uma acordada. 

Assim que o sinal toca avisando o fim da última aula, me levanto quase correndo e sei que sou uma das primeiras a sair, o que é raro. Passo no banheiro antes de encontrar com os meus amigos, que mandaram mensagem avisando que estavam na cantina.

— Pronto, gente, tô aqui – anuncio ao sentar em uma das cadeiras vazias ao redor da mesa.

— Como você está, gatinha? Você não falou muito hoje. – Nina disse me analisando. Nina é minha amiga há dois anos e às vezes eu sinto que já a conheço a minha vida inteira. A garota é doida.

— Está tudo bem, amiga. Relaxa — digo a ela. — O que a gente vai fazer agora? Eu estou morrendo de fome!

— Me conte uma novidade? – Alicia implica e eu dou língua para ela, que me ignora, voltando a retocar o próprio batom preto.

Alice é a mais alternativa das meninas. Ano passado ela passou por uma fase revoltada e mudou completamente, começou a se vestir como uma gótica e tentava fazer e ser tudo o que os pais dela não queriam que ela fosse. Felizmente, um dia ela caiu na real e percebeu que estava fazendo mais mal a ela do que bem e mudou de novo, dessa vez para melhor. Continuou com algumas manias e jeitos da personalidade revoltada, mas sem parecer uma maluca.

— A gente pode almoçar naquele restaurante perto da praça — Hugo sugere. — E de quebra vocês ainda conhecem os meninos. Oliver não para de falar de você  — Hugo completa, revirando os olhos.

Pelo que eu tinha entendido da rápida aula de "reconhecimento dos amigos do melhor irmão do mundo" — palavras de Hugo e nada mais —, Oliver é o amigo mais calmo de Hugo. Ele entrou na escola esse ano e caiu no 3° ano B, assim como os outros amigos dele.

— Nós vamos conhecer os seus amigos gatos? — Lara pergunta, enfim se interessando na conversa. — Se vamos, então a gente vai almoçar lá em casa! É aqui perto e a gente pode ficar muito mais a vontade – ela diz de forma maliciosa, nos fazendo rir.

— Concordo plenamente com você, Lara! – Nina fala, rindo.

— Já me arrependi de ter mostrado o Instagram deles para vocês. Vão assustar os coitados – implico com elas.

Ficamos mais um tempinho ali até que eles decidam para onde vamos. Lara vence a briga, e nós nos levantamos, indo para o estacionamento para encontrar com os amigos de Hugo e irmos para a casa de Lara.

— Vocês deram sorte, eu tô de carro hoje. Dá para todo mundo! – Lara diz, saltitante.

Lara é filha única e seus pais são advogados. Ela é a mais velha de nós e quando fez dezoito anos ganhou um carro de presente de aniversário e um apartamento no nome dela. Vantagens de ser rica.

Do Nosso Jeito - CONCLUÍDA Onde histórias criam vida. Descubra agora