Capítulo 63

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Oliver

Exausto, é assim que me sinto.

Hoje ainda é segunda-feira e já não consigo mais suportar meu próprio peso, preciso dormir por vinte e quatro horas inteiras para reabastecer minha bateria.

Desde que as aulas voltaram, não parei por um minuto, na tentativa de me manter ocupado o suficiente para não pensar nela.

Emily pensa que eu não sei ou não percebi que ela fugiu de mim durante a semana passada, como se não me ver garantisse mais tempo a ela. Sem outra opção, eu deixei que Emily se mantivesse longe, mesmo que faça parecer que não a quero mais.

Tentei ligar mais algumas vezes ou mesmo mandar mensagens, mas entendi que fui bloqueado, por isso, cedi a minha última opção: postei uma foto de Emily no story do Instagram, na esperança de que ela visse ou alguém mostrasse a ela. Surtiu efeito, Emily visualizou, o que por si só já é um milagre, já que ela nunca entra nas redes sociais, o que significa que ela estava bisbilhotando meu perfil porque sentiu minha falta.

Passo pela recepção e desejo boa noite para a recepcionista, antes de seguir direto para a sala de Rafael, que me espera na porta, sorridente como todas as vezes em que o vi. Não sei como ele consegue passar o dia inteiro ouvindo um monte de problemas e ainda sim sorrir.

— Boa noite, Oliver. E aí, tem algo que queira me dizer hoje? Como foi sua semana? — ele pergunta, enquanto me sento na poltrona preta acolchoada.

— Sobre isso... Eu queria continuar falando sobre aquele assunto que você me pediu para ver e observar com calma — falo, um pouco envergonhado.

O rosto do meu psicólogo se ilumina de surpresa, provavelmente ele esperava que eu demorasse mais tempo para absorver as informações. O que não é mentira, depois do que ele me falou ao final da consulta passada, eu pensei que Rafael era louco e que certamente eu era pior ainda, mas com a ajuda tanto de Enzo quanto de Anitta, eu me vi obrigado a encarar os fatos e aceitá-los.

De primeira, foi insano, mas agora, é um misto de ansiedade e náuseas bem-vindos.

— Oh, certo. Fico feliz que queira se abrir.

Rafael solta mais um de seus grandes sorrisos compreensivos e a conversa terapêutica se desenrola habilmente.

🔆

Me jogo na cama e Amora corre para jogar seu corpo pesado e peludo em cima do meu, lambendo meu rosto.

— Oi para você também — rio, fazendo carinho na cabeça dela, que me lambe em resposta.

Ouço meu celular tocando e me estico para pegá-lo em cima da cômoda. Me surpreendo ao ver o nome de Hugo no visor. Não nos falamos desde o casamento das irmãs de Alice e Camila.

Fico indeciso entre atender e correr o risco de ser xingado pelo meu melhor amigo ou deixar a ligação cair na caixa postal. Olho para Amora, esperando que ela possa me dar alguma dica do que fazer, mas ela parece estar mais preocupada em correr atrás do próprio rabo do que com isso, então acabo decidindo atender.

— Alô? — chamo.

— Oi, Oliver — Hugo diz, parecendo nervoso.

— Você está bem? — pergunto, começando a me preocupar.

Ao contrário da irmã, Hugo é fã de ligação e não consegue se manter em silêncio em uma.

— Sim, sim. Tá tudo bem. Estou ligando porque...

Do Nosso Jeito - CONCLUÍDA Onde histórias criam vida. Descubra agora